Campanha
Sudão: há um movimento para tentar salvar estes leões malnutridos
Um leão malnutrido bebe, a custo, alguma da água que cai de um cano, dentro da jaula onde está encerrado. Outros, com várias manchas roxas espalhadas pelo corpo, deitam-se e tentam descansar, rodeados de moscas. As suas costelas são bem visíveis e o aspecto que revelam é frágil. São três leões – eram cinco quando a campanha online #SudanAnimalRescue, criada no Facebook por Osman Salih, levou a que as imagens do estado em que se encontram se tornassem virais, mas dois morreram desde então – no jardim zoológico Al-Qureshi em Cartum, capital do Sudão. Os animais correm risco grave de vida por não terem comida e medicamentos há várias semanas.
Essamelddine Hajjar, gerente do jardim zoológico, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que “a comida não está sempre disponível”, pelo que muitas vezes são os responsáveis pelo parque – administrado pelo município de Cartum, mas também financiado, em parte, por doadores privados –, que a compram com o próprio dinheiro. A falta de recursos no estabelecimento é um dos espelhos da grave crise económica em que o Sudão está actualmente mergulhado. Moataz Mahmoud, um dos cuidadores, referiu à AFP que os leões apresentam “graves doenças”, e as autoridades do espaço relatam que muitos perderam “quase dois terços do peso corporal”, acrescentando ainda que “as próprias condições do parque” estão a afectar os animais.
No domingo, 19 de Janeiro, o movimento #SudanAnimalRescue fez com que uma multidão de jornalistas e voluntários preocupados com a saúde dos leões se deslocassem ao jardim zoológico Al-Qureshi. Muitas pessoas usaram as redes sociais para exigir que os animais fossem transferidos para outro parque. Os leões africanos estão na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Khalda Seliman Mahgoub, investigador da Wildlife Research Center no Sudão, conta à agência Reuters que “esta subespécie é muito importante” porque só pode ser encontrada “no Sudão e na Etiópia”. Para Maghoub, estes animais deveriam estar “no seu habitat natural”, não “numa jaula”.