Jean-Paul Gaultier celebra 50 anos na moda com o que diz ser o seu último desfile de alta-costura
O mundo da moda prepara-se para um momento histórico: o designer francês Jean-Paul Gaultier anunciou que irá realizar esta semana o seu último desfile de alta-costura, adiantando que, em breve, dará a conhecer um novo conceito.
Não é o fim das criações com o selo Jean-Paul Gaultier, mas será o início de uma nova etapa, com o designer a anunciar, num vídeo que publicou nas redes sociais, a decisão de se afastar dos desfiles de alta-costura, celebrando cinco décadas na indústria com um derradeiro espectáculo na passerelle, agendado para esta semana, em Paris.
Num vídeo em que o próprio surge ao telefone, como que a convidar amigos, Jean-Paul Gaultier começa por dizer: “Vou celebrar o meu 50.º aniversário na moda com um enorme show de alta costura”. A festa, explica, que “terá muitos amigos” e que será para durar “até muito, muito tarde”, guarda ainda um segredo: “Este será o meu último desfile de alta-costura”.
Não se pense, porém, que a carreira de Gaultier termina aqui: “A Gaultier Paris irá continuar, a alta-costura irá continuar. Eu tenho um novo conceito, sobre o qual falarei depois [contando] todos os pequenos segredos”.
This show celebrating 50 years of my career will also be my last. But rest assured Haute Couture will continue with a new concept. pic.twitter.com/PJCC53K4tm
— Jean Paul Gaultier (@JPGaultier) 17 de janeiro de 2020
Aos 67 anos, Gaultier prepara-se para voltar a surpreender o mundo da moda, sem que se saiba para já o que irá acontecer com a sua marca, propriedade da empresa espanhola Puig.
Meio século de irreverência
Conhecido por ter vestido estrelas como Madonna (é ele o autor do espartilho que a cantora vestiu para interpretar o tema Like a virgin durante a Blond Ambition World Tour, em 1991) ou Marilyn Manson, como o exibido no álbum The Golden Age of Grotesque, Gaultier sempre cultivou um estilo irreverente, tendo ainda inscrito o seu nome no cinema, ao assinar os guarda-roupas de filmes como O 5.º Elemento (1997), de Luc Besson, A Cidade das Crianças Perdidas (1995), de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet, ou O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela (1989), de Peter Greenaway.
Uma das suas últimas provocações decorreu durante a Semana de Paris de 2018, quando Gaultier fez deslizar pela passerelle uma espécie de ode ao tabaco. “Eu não fumo, mas sempre estive cercado por pessoas que fumavam”, declarou o designer depois da passagem de modelos. “Eu não digo que se deva fumar ou não; só que as pessoas devem fazer o que querem.”
Gaultier deu os seus primeiros passos na indústria como aprendiz do francês Pierre Cardin, na década de 1970, apresentando a sua primeira colecção individual em 1976. Mas seria no início da década seguinte que Gaultier emergiria como um dos principais jovens talentos da moda francesa, agitando a indústria com designs que levavam para a passerelle a cultura de rua, o punk ou a cena dos clubes gay.
Mais tarde, trabalhou como director artístico da Hermès, que possuía uma grande participação da sua empresa e que, em 2011, vendeu à Puig.