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“O amanhã está a arder” é uma curta sobre os incêndios na Austrália (mas não só)
Darcy Prendergast está "irritado, indignado, furioso e farto" da "inacção" do governo australiano perante a crise dos incêndios florestais na Austrália. E atira: "O amanhã está a arder".
A frase, retirada de um poema escrito pelo realizador australiano, dá nome a uma curta de animação onde uns acendem, orgulhosos, um fósforo e outros morrem, queimados. "Não consigo segurar numa mangueira — mas podem acreditar que consigo fazer uma curta de animação mordaz dirigida ao nosso governo inútil e à sua inacção sem precedentes perante a crise dos incêndios florestais", escreveu na no Instagram o realizador, conhecido por ser o escultor principal de Mary & Max, o filme em stop motion construído em barro.
O vídeo Tomorrow's on Fire, produzido pela Oh Yeah Wow, a produtora de Darcy, foi lançado no início de Janeiro e é agora um dos destaques da semana para a equipa do Vimeo. Embora a animação tenha sido criada em resposta à crise na Austrália, ampliada por temperaturas que continuam a bater recordes, Darcy escreveu um poema que rima com muitas outras zonas do globo. "Tinha de ressoar mais amplamente para tocar no sentimento de impotência crescente."
Desde o início dos gigantescos incêndios florestais que assolaram o país e a sua vida selvagem, morreram 28 pessoas e milhares foram retiradas das suas casas. É estimado que o fogo tenha destruído uma área equivalente ao tamanho de Portugal. A princípio, o poema era só uma forma de "processar o horror". "A minha mãe e eu tínhamos acabado de ver uma notícia angustiante sobre a dizimação de uma das mais importantes populações de coalas e eu estava a fazer um trabalho terrível a tentar conter as lágrimas", contou o realizador de 34 anos, voluntário num centro de vida selvagem, à It's Nice That. A mãe incentivou-o a prosseguir com o projecto.
"Sem ser o dinheiro que gastei a comprar Legos para o meu narrador de sete anos, este filme não me custou nada a não ser tempo [sete semanas]", acrescentou, sublinhando a importância de criar impacto sem grandes orçamentos. "Nós merecemos melhor e as nossas próximas gerações também."