Brilhos para o Natal ou Réveillon? Cuidado quando usar glitter

O glitter é utilizado na maquilhagem para obter mais brilho em ocasiões especiais. Contudo há perigos que podem ser evitáveis.

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Alia Wilhelm/Unsplash

Brilhos, brilhos e mais brilhos. Já invadiram o Natal e são presença obrigatória nas maquilhagens de Ano Novo. Falamos do glitter ou purpurina, um produto de maquilhagem que, apesar de dar um ar divertido ou glamoroso — conforme o efeito com que é aplicado —, é feito de micropartículas de plástico, metais, pigmentos e corantes e pode, se não for de qualidade ou mal utilizado, provocar infecções. Mais: pode ser um produto poluidor. Por isso, há alternativas.

Cristina Amaro, do serviço de dermatologia do Hospital Egas Moniz, Lisboa, explica que a purpurina pode ter duas origens: a metálica, na qual se destacam os dourados e prateados, resultado do corte de lâminas de plástico, alumínio, titânio, etc.; e a natural, uma substância corante natural, de cor vermelho escuro, extraída de raízes de vegetais do género rubia ou ruiva (Rubia tinctorum L).

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Como a metálica é composta por micropartículas de diversos materiais, o glitter não é biodegradável, por isso, “traz questões ambientais adicionais”, alerta a dermatologista. Depois de removido do rosto ou do corpo, na lavagem, pode ir parar aos oceanos onde será comido ou fica indefinidamente. A pensar neste problema, foram criadas alternativas ao glitter tradicional, como o biodegradável. Por exemplo, a norte-americana Today Glitter vende dois tipos de brilho que se biodegradam com o tempo – o Bioglitter Sparkle, 92% sem de plástico e com menos de 0,1% de alumínio, que se biodegrada cerca de 87% em 28 dias. Já a linha Pure é 100% livre de plástico e alumínio, biodegradando cerca de 92% no mesmo espaço de tempo. Em Portugal, a Primark tem uma linha de glitter biodegradável, a PS… Festival.

Cuidados na aplicação

glitter “é uma textura, são brilhantes em pó ou em creme. Glitter são pecinhas de brilho”, descreve, por seu lado, Inês Franco, autora do livro O Pequeno Grande Livro da Maquilhagem. Esses brilhantes reflectem a luz. Como não é habitual ser utilizado no dia-a-dia, devido ao brilho intenso que proporciona, é utilizado nas festas, principalmente nocturnas.

Pode ser encontrado em todo o tipo de maquilhagem: iluminadores, sombras, glossbatons, eyelinersnail art, etc.. “Apenas em maquilhagem de preparação de pele, como corrector e base é que não”, revela Mónica Santos fundadora da Fun Fashion, grupo distribuidor das marcas de cosmética como a Catrice e a Essence, acrescentando que em Portugal é pouco usado e a sua procura é maior na época do Natal, Ano Novo e no Verão, por causa dos festivais.

Como a purpurina é cortada em pedaços de um milímetro quadrado, é preciso ter cuidado na sua aplicação, sobretudo nas pálpebras ou junto aos olhos, refere a médica Cristina Amaro. ​Não só é preciso ter cuidado com as micropartículas, mas também com os produtos necessários para as aplicar. É que a adesão do glitter à pele requer o uso de cola, creme ou mesmo outro produto de maquilhagem que pode conter algum ingrediente que provoque uma alergia ou irritação na pele. Mónica Santos aconselha o uso de pincéis específicos para o efeito, pois “não deve ser aplicado com os dedos”, de modo a evitar que entre nos olhos, sob risco de criar feridas, conjuntivites ou alergias.

Maquilhagem contrafeita

O dermatologista João Abel Amaro, dermatologista no Hospital Lusíadas, em Lisboa, chama a atenção para as dermatites na zona dos olhos e dos lábios, ou seja, para as erupções alérgicas resultantes do contacto da purpurina com a pele dessas regiões. O médico alerta ainda para a maquilhagem contrafeita e de origem duvidosa, como “produtos que não sejam da Europa”, recomendando que se usem “produtos de qualidade”, comprados em farmácias e perfumarias. 

Inês Franco diz que podem ser comprados pela Internet, mas só se se conhecer a marca, “para não haver surpresas”. Um dos cuidados a ter é a leitura, com atenção, dos ingredientes que constam na maquilhagem a ser utilizada, principalmente na contrafeita, pois em muitos deles “desconhece-se a composição dos produtos”, refere o dermatologista Jorge Cardoso, do Hospital da Luz, em Lisboa. Por isso, antes de comprar maquilhagem é importante experimentá-la, caso não se conheça os ingredientes discriminados.

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