É Natal, tempo de reunir a família à volta da mesa. Que mesa? Como decorá-la para que todos se recordem desta noite especial? O Ímpar perguntou a arquitectos e designers de interiores que são unânimes: esta é uma época de magia e por isso, a aposta está no glamour. Dos castiçais com velas às flores naturais, passando pelo uso de um bonito serviço de jantar. Estas são algumas das propostas, sem esquecer, claro, os motivos natalícios na decoração.
“O ponto de partida para a produção de uma mesa de Natal pode ser o serviço que se vai usar e a partir daí define-se a decoração: as flores, os copos, a toalha e o faqueiro”, começa por dizer a arquitecta de interiores Sílvia Ramos. A intenção é criar “um ambiente requintado e intemporal”.
Em vez do serviço, o arquitecto e designer de interiores Manuel Francisco Jorge parte da identidade do anfitrião para fazer uma decoração que seja o seu reflexo, mas também que seja uma forma de os convidados se sentirem acolhidos. O convite é para criar um ambiente “com brio”, propício ao espírito da quadra natalícia, sugere. Por exemplo, numa das mesas de Natal que já fez, o arquitecto partiu de um busto para criar todo o ambiente. Para já, ainda não sabe como vai ser este ano, mas como homem de “improvisos”, como se define, algo surgirá na altura e “vai acabar por ser um laboratório de experiências”, diz, entre risos. No ano passado, “tinha uma quantidade enorme de brócolos em casa” e decidiu colocá-los na mesa, com imaginação, criatividade e bom gosto, enumera.
É precisamente o que aconselha Sílvia Ramos, para criar uma mesa que “pode muito bem ser simples, mas deve estar bem-posta”, com requinte e muito glamour. “Esses detalhes podem surgir através das flores, cores ou pequenos apontamentos decorativos”, sugere, dando como exemplo uma mesa que decorou com a sócia Paula Gomes com “um serviço inglês, faqueiro e peças do centro da mesa em prata, Christmas crackers e, nos arranjos florais, bagas encarnadas misturadas com flores brancas”.
Manuel Francisco Jorge aconselha a nunca usar luz artificial na mesa da Consoada, mas sim, velas em castiçais. O arquitecto sugere ainda que se coloquem flores naturais, nem que sejam campestres, e azevinho natural na mesa. O uso de velas e flores naturais é unânime, mas o arquitecto e designer de interiores Dino Gonçalves acrescenta que as velas devem ser todas do mesmo tamanho e sem cheiro, porque “o odor pode ser intenso e influenciar o paladar”, justifica.
Na altura de escolher o serviço de jantar, se não tiver pratos suficientes não se preocupe, diz Dino Goncalves, que propõe misturar serviços diferentes, nem que tenha de pedir à mãe ou às amigas. Use ainda copos transparentes, sejam de vidro ou de cristal, “porque se iluminar a mesa, ilumina também o vidro dos copos e o rosto das pessoas”, explica o arquitecto.
O importante é conseguir uma “mesa elegante, adornada com audácia para receber amigos e familiares”, sublinha Dino Gonçalves que sugere ainda “amarrar uns galhos de medronho nos candelabros e pendurar bolas de Natal ou fazer coroas com o medronho e colocar o prato por cima”.
“Na decoração de uma mesa de Natal contemporânea podemos prescindir da tradicional toalha e colocar um bom serviço de jantar sobre marcadores de prata”, sugere a arquitecta Elsa Matias, que costuma usar um faqueiro de prata do enxoval e completa com uns copos elegantes. “Os guardanapos de linho dão um toque sóbrio em contraste com os centros de mesa coloridos e as velas em castiçal dão o valor necessário ao momento”, descreve.
Sílvia Ramos considera que “não há propriamente receitas”, mas aconselha a ter guardanapos iguais à toalha de mesa, ter um bom serviço de jantar que não precisa de ser com motivos de Natal. “Nunca se devem pôr individuais em cima da toalha de mesa”, adverte, sugerindo ainda a colocação de um pequeno presente na cadeira de cada convidado. Dino Gonçalves também é apologista de um saquinho personalizado para cada convidado, o que acaba por ser uma tradição “muito elegante e afectuosa. As crianças adoram!”. Tudo para que se conviva à volta de uma mesa “bem-posta, apelativa e com uma decoração na continuidade das cores da decoração de Natal da casa”, conclui Sílvia Ramos.