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Treze anos depois, o Douro voltou a galgar as margens no Porto
As barragens ao longo do Douro abriram as comportas após o dilúvio trazido pela depressão Elsa. Cerca das 22h30 desta sexta-feira, a subida do caudal coincidiu com a maré cheia e, 13 anos depois das cheias de 2006, a Ribeira voltou a ficar debaixo de água. Esta noite, aos jornalistas, Rui Moreira admitia danos nos estabelecimentos comerciais desta zona histórica do Porto. No entanto, não há vítimas a lamentar.
Apoiado nas grades que a Protecção Civil colocou na zona da Ribeira, Youssef está visivelmente desiludido. O jovem marroquino estuda em Leiria e tinha decidido dar um salto ao Porto antes de regressar ao país natal. Um dos primeiros pontos no roteiro era um passeio pela margem do Douro, mas esse plano foi forçosamente cancelado pela subida das águas.
“Nunca vi nada assim na vida. Queria visitar esta zona para tomar um café e dar um passeio junto ao Rio Douro, mas parece que não vai ser possível hoje ou mesmo amanhã”, lamentava.
Às 22h30 terminava a preia-mar. Aos poucos, a água do Douro que preocupava as autoridades ia recuando. Nas arcadas de Miragaia, onde a água chegou aos 1,30 metros, a porta do restaurante “Sobre o Rio” estava completamente tapada pela água. A proprietária, Vanessa Campos, ironizava. “Sabia que faço anos hoje? Bela prenda de aniversário”. Ainda não tinha calculado os prejuízos, mas tinha a certeza de que não seriam baixos. "Ficou lá um frigorífico, máquina de café. E ainda tenho de ver os danos ao armazém, que também fica aqui", enumerava.
Mesmo com as inundações, algumas pessoas permaneciam nas suas habitações. Caso precisassem de sair do prédio, os Bombeiros Sapadores do Porto usariam um pequeno barco para as retirar em segurança. Na varanda de um destes prédios, um casal era o centro das atenções. “Olhe, estava a pensar levar a minha mulher a Veneza para o final do ano, mas parece que já não vai ser preciso”, brincava Fernando com Dulce.
Findo o período mais crítico, as previsões apontam para que o nível da água continue a recuar durante a madrugada de sábado.