Lusa pode deixar de acompanhar viagens do Presidente e do primeiro-ministro

Em causa estão constrangimentos orçamentais que podem limitar a capacidade de resposta da agência de notícias.

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Lusa debate-se com constrangimentos orçamentais Filipe Arruda

A agência Lusa pode vir a não ter capacidade de cobertura de viagens do Presidente da República e do primeiro-ministro, devido ao quadro de instabilidade orçamental que atravessa, alertou a comissão de trabalhadores (CT) da empresa.

Em comunicado, divulgado na noite de sexta-feira, a CT deu conta de uma reunião com o presidente do conselho de administração da agência noticiosa, Nicolau Santos, durante a qual este deu conta de “dificuldades” orçamentais da empresa. “Em causa, disse (Nicolau Santos), está o facto de a Lusa ter assumido responsabilidades sem que tivessem sido acompanhadas de aumento do “envelope financeiro” por parte dos accionistas. A isto soma-se o facto de este ano o orçamento da Lusa ter tido um corte de cerca de 460 mil euros”, detalhou-se no texto.

Acresce que, segundo Nicolau Santos, em reunião do conselho de administração para discutir o orçamento, “os representantes dos accionistas pediram que fosse revista a proposta orçamental” e que, conforme o texto, “caberá a quem elabora a proposta orçamental de 2020 avaliar onde se podem cortar custos”. Para já, avançou o presidente da administração, o investimento nas obras de requalificação da redacção de Lisboa “pode não ser feito ou adiado".

Nicolau Santos esclareceu que tem “levado a cabo um processo de persuasão dos poderes públicos”, designadamente do Governo, uma vez que “quaisquer melhorias orçamentais” dependem do executivo.

A organização laboral expressou, no comunicado, a sua “preocupação com o quadro de instabilidade orçamental da agência”. Na nota, para justificar o alerta, a CT detalhou: “Além da cobertura informativa regular, a agência pode não ter capacidade de resposta para situações inesperadas”.

“Mais grave ainda, pode não a ter para eventos específicos programados para 2020 mas que implicam custos elevados, como é o caso dos grandes eventos desportivos Europeu de Futebol (em vários países) e Jogos Olímpicos (Tóquio) ou viagens do Presidente da República e do primeiro-ministro”, acrescentou a comissão.