Conferência sobre media quer propostas concretas
O Presidente da República encerra os trabalhos, proferindo a sua segunda alocução sobre a situação dos meios de comunicação numa semana.
A conferência Financiamento dos Media, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), que decorre estas segunda e terça-feira, visa pensar o papel do Estado no sector e reunir propostas concretas para entregar aos poderes legislativo e executivo.
“Os objectivos da conferência são, sobretudo, reflectir, mas reflectir no sentido de provocar alterações, ou seja, não é só para discutir ou fazer um diagnóstico, mas reunir algumas propostas com acções concretas, que serão depois entregues ao poder legislativo e ao poder executivo”, afirmou Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas, em declarações à Lusa.
A dirigente sindical adiantou que o SJ vai apresentar uma proposta na abertura da conferência, que “não é uma proposta fechada” e que pode integrar os contributos dos oradores que marcarão presença no evento, aos quais foi pedido que apresentem, nas suas intervenções, “não um diagnóstico, mas propostas concretas de acção” sobre o que fazer perante o actual estado do sector, que “não é, obviamente, saudável”.
A presidente do Sindicato de Jornalistas recordou que o Presidente da República, que dá o alto patrocínio à conferência, tem alertado para o tema em diversas ocasiões, frisando tratar-se de “uma questão democrática”. Aliás, cabe a Marcelo Rebelo de Sousa, esta terça-feira, o encerramento dos dias de trabalho.
Assim, num prazo de uma semana, o Presidente aborda as questões da comunicação social. Na entrega dos prémios Gazeta de jornalismo, instituídos pelo clube dos Jornalistas, o Presidente lançou vários alertas: “Seria imperdoável que a democracia, que tanto tempo levou a criar, pudesse sofrer na sua afirmação cívica, social, comunitária, pela incúria no domínio da comunicação social.”
Naquela cerimónia, Marcelo instou as associações de imprensa a apresentarem as suas propostas ao Parlamento antes do início do debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado. “É tempo de se apresentarem soluções que garantam a liberdade a democracia, fortalecendo a comunicação social, a clássica e a nova, todas”, disse então o Presidente da República
“O jornalismo é um bem público, que, no caso português, também é fornecido por entidades privadas, e, portanto, o que gostávamos de ver discutido é que papel deve ter o Estado nestes casos e também discutir o papel que já tem na RTP e agência Lusa”, frisou.
Sofia Branco salientou também que é “prioritário” pensar o papel do Estado como um todo, e não o papel do Governo, e pensar “como é que o Estado se posiciona perante um sector que é um bem público, independentemente de ser prestado por entidades públicas ou privadas”.
A jornalista frisou ainda que o financiamento dos media está a prejudicar o jornalismo, que, “infelizmente, não se faz sem dinheiro”.
“Há muito amor à camisola no jornalismo em Portugal e um grande sentido de missão, mas isso não chega”, disse Sofia Branco, destacando que a dimensão relacionada com o negócio pode ter “vários caminhos”, nomeadamente um financiamento por parte de cidadãos e ou fundações, para lá do modelo dominante, de cariz empresarial.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas, a missão do jornalismo, de informar e escrutinar os poderes, está “sob ameaça - pelo desemprego, pela precariedade, pela excessiva concentração” e “as dificuldades de sustentabilidade do sector põem em risco a independência do jornalismo”.
A conferência sobre o financiamento dos media contará, nomeadamente, com a participação do secretário de Estado do Cinema, do Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, deputados de vários grupos parlamentares, responsáveis e profissionais de diversos órgãos de comunicação social, nacionais e regionais, jornalistas, académicos e investigadores.