Arquitectura
Uma casa em Belmonte recuperada entre memórias
Na margem da Estrada Nacional 18, em Belmonte, a casa MCR2 não passa despercebida pelo contraste dos materiais utilizados. Projectada em paceria pelos arquitectos Filipe Pina e Maria Inês Costa, esta é a reabilitação de uma casa de dois pisos, datada originalmente de 1925, que serviu, simultaneamente, como apoio agrícola. Já nos anos 50, foi adicionado um anexo ao edifício original, agora substituído por uma nova construção revestida por chapa ondulada.
Depois de 15 anos ao abandono, os proprietários decidiram reabilitar a MCR2 e transformá-la numa "casa de habitação quotidiana", revela ao P3 Maria Inês Costa. Fruto de uma herança familiar, a casa de 140 metros quadrados foi adaptada tendo em vista “o conforto dos dias de hoje”. O desafio passou pelo “orçamento bastante controlado”.
Apesar de esta propriedade servir, por enquanto, de casa de férias ou fins-de-semana, poderá, no futuro, vir a transformar-se em habitação permanente ou em alojamento para turistas. Composta por três suítes, sala, cozinha e arrumos, a casa mantém a ideia do anexo, ponto de partida para a definição do projecto. Os quartos são distribuídos pelos dois pisos do volume de granito, deixando em aberto um arrumo que pode servir de quarto de hóspedes no futuro. No interior, procurou-se a neutralidade, desde logo pela “cor branca”, simplicidade dos materiais e “sensação de conforto” dada pelo uso pontual das madeiras, como explica a arquitecta.
A casa, aqui fotografada por João Morgado, distingue-se, sobretudo, pelos contrastes — o novo e o velho, a chapa ondulada e a pedra —, abrigados debaixo do mesmo tecto. Além disso, adiantou Maria Inês Costa, um dos objectivos passou por “qualificar a paisagem existente”. “Valorizou-se ainda mais a casa [que mantém a parte em pedra pelo valor patrimonial] e a memória da antiga habitação”, rematou.