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Freitas do Amaral: morreu o último dos fundadores
O fundador do CDS, o último dos fundadores dos principais partidos do sistema democrático nascido da revolução do 25 de Abril, morreu esta quarta-feira. O país deve-lhe a democratização da direita portuguesa pós-1974.
Freitas do Amaral teve uma longa e intensa vida política, com cerca de cinco décadas de intervenção pública: foi fundador e primeiro presidente do CDS, fez parte de governos da Aliança Democrática, entre 1979 e 1983, e foi primeiro-ministro interino após a morte de Sá Carneiro. Foi também candidato nas históricas presidenciais de 1986, contra Mário Soares, e, já neste século, foi ministro dos Negócios Estrangeiro num governo PS (2005-2006) como independente, após ter saído do CDS em 1992.
Nascido em 21 de Julho de 1941, na Póvoa de Varzim, Diogo Freitas do Amaral passou a infância entre Guimarães (de onde era natural o pai) e a Póvoa de Varzim (a terra da mãe), mas os primeiros anos foram muito marcados pela morte dos dois irmãos mais velhos, ainda crianças. Queria ser engenheiro, mas sem jeito para Matemática, deixou-se convencer por dois tios que estudaram Direito e lhe “falavam das suas aulas com os professores Marcello Caetano e Galvão Teles”, contou em entrevista à Sábado em 2017. Acabou por se formar em Direito da Universidade de Lisboa. Obteve o grau de Doutor em Direito (Direito público) em 1967 e ensinou na faculdade até 1998.
A direita não lhe perdoou as mudanças de percurso como a esquerda nunca esqueceu a sua origem. Esteve a pouco mais de 138 mil votos de ser Presidente da República, mas o PSD, parceiro da candidatura do Prá Frente Portugal!, pôs a chancela do falhanço pessoal no insucesso das eleições mais renhidas para Belém. Por um ano foi presidente da Assembleia-Geral da ONU e por duas vezes foi ministro dos Negócios Estrangeiros, a última das quais num executivo de José Sócrates. Desfilou em protestos e abaixo-assinados contra a guerra do Iraque e a troika. A direita condenou-o ao ostracismo. E a esquerda via-o com condescendência. Fundou um partido e morreu politicamente só.