A tradição e a inovação marcam as três décadas da Portojóia
A Portojóia faz uma homenagem às raízes da ourivesaria e ao futuro do sector, de 26 a 29 deste mês, na Exponor, em Matosinhos.
Pelos 30 anos da Portojóia, a Exponor, que organiza a feira, desafiou alguns designers a criarem peças com criadores de outras áreas. O joalheiro André Rocha e o artista plástico Pedro Guimarães responderam com uma escultura, já a designer Liliana Guerreiro fez uma pinça em colaboração com a Castelbel. As peças vão estar expostas durante a feira, de 26 a 29 deste mês, na Exponor, em Matosinhos.
Além do escultor Pedro Guimarães e dos designers de joalharia André Rocha e Liliana Guerreiro, também Telma Mota uniu-se à marca de design de produto Madre; e Eugénio Campos juntou-se à designer de moda e modelo Diana Pereira para darem vida à iniciativa Arts & Jewels. “Queremos homenagear as raízes da arte e da tradição portuguesa ao mesmo tempo que se projecta a nova geração que desenha o futuro do sector”, descreve Amélia Monteiro, directora da Portojóia – Feira Internacional de Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria, ao PÚBLICO.
Esta edição, sob o mote Roots & Wings, quer casar o passado, as raízes e tradição da arte da filigrana, com o presente e futuro da joalharia, ourivesaria e relojoaria, que traz uma nova geração de designers. “A jóia mais clássica é um legado que vem das nossas raízes e gerações, e também pode ser algo novo, moderno, que adquirimos e que transmite a nossa identidade”, argumenta Amélia Monteiro.
Foi o que fez André Rocha, conhecido pela sua marca de alianças, que quis “redesenhar a filigrana em homenagem às raízes da ourivesaria e ao futuro do sector”. Esta peça tem uma estrutura em madeira de Pedro Guimarães com uma pintura de Amália Rodrigues e “é uma fusão de escultura e de joalharia”, sublinha André Rocha. Liliana Guerreiro, por sua vez, desenhou um protótipo de uma pinça para apagar velas, de latão com banho de ouro, para a marca Castelbel. “Como é uma marca de velas de cheiro, difusores e sabonetes, lembrei-me de criar a pinça”, conta a designer, que se inspirou numa peça do género que a avó tinha. “O material definitivo da peça ainda será escolhido para depois ser comercializada”, refere.
Também as peças do designer Bruno da Rocha vão encontro desta estratégia da organização de homenagear o antigo e o moderno do sector. A Portojóia decidiu, então, usar como imagem do evento uns brincos e um anel, feitos de prata plaqueada a ouro, assinados pelo artista que se inspira na joalharia clássica para criar peças modernas. “Parto de técnicas de construção das jóias mais tradicionais para criar outras com uma linguagem mais moderna e simples”, explica Bruno da Rocha. “São peças inspiradas no estilo barroco, intemporais, que até fazem lembrar aquelas usadas pelos reis. Muitas vezes, as pessoas dizem-me que são peças de museu”, diz o designer, cuja imagem de marca são os pregadores que cria com a forma de insectos, feitos de prata e prata dourada.
Durante os três dias, a organização espera que passem pela Exponor os mesmos dez mil visitantes do ano anterior, entre profissionais (fabricantes, criadores e lojas) e público em geral.
Amélia Monteiro ainda se lembra de, há três décadas, a feira ter começado apenas com seis empresas de joalharia no âmbito de outra exposição de decoração e mobiliário. Mas depois a iniciativa cresceu e no ano seguinte já contou com 40 expositores como feira autónoma. Este ano, participam 150 expositores, dos quais 27 chegam de Espanha, Itália, Alemanha, Turquia e Cabo Verde.
Este é um sector importante que “só em 2017 atingiu um volume de negócios de mil milhões de euros e exportou 100 milhões de euros”, divulga a directora da feira, acrescentando que só no norte do país estão 54% das empresas de joalharia e ourivesaria.
Nesta edição, há ainda um espaço de tendências para visitar, o Trend Spot, com uma curadoria de peças que representam vários movimentos criativos.