Aretha cheia de graça
Depois de quase meio século fechadas num arquivo, as imagens de Aretha Franklin a cantar gospel numa igreja de Los Angeles vêem finalmente a luz do dia. O resultado é um dos maiores filmes-concerto de sempre.
Louvada seja a Senhora, Santa Aretha; louvados sejam aqueles que acharam por bem, todos estes anos depois, insistirem teimosamente em desenterrar estas imagens perdidas durante quase meio século, partilharem com o mundo a dádiva sagrada de Santa Aretha a regressar a uma casa da qual nunca realmente saiu. Porque Amazing Grace é, nada menos do que isso, um milagre: como se, sem aviso nem expectativa, surgissem dos confins do nada imagens que se julgavam perdidas ou desconhecidas de Amália a cantar no Luso, Callas no Scala, Piaf nos cabarés parisienses, Judy nos estúdios da Metro, Sinatra em Las Vegas. Uma voz, no pico da sua forma, a cantar aquilo que dela fez quem é – clássicos do gospel, da música da igreja baptista negra na qual Aretha Franklin (1942-2018), filha de reverendo, se criou e a sua voz se revelou. Aretha na igreja, gravada ao vivo, num sermão cantado onde a voz se faz palavra e a palavra se faz fé e a fé se faz música e ninguém, mas absolutamente ninguém, sai incólume.
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