ONU
Há um vídeo português a caminho da ONU — e Raquel pode ir apresentá-lo
Chamam-lhes as "guardiãs do Sado". São pescadoras e mariscadoras que, com a ajuda de uma bióloga marinha, começaram a devolver ao mar o que dele tiram. Raquel Gaião Silva é voluntária na Ocean Alive e já conhecia a associação que incentiva as mulheres da comunidade piscatória do estuário do Sado a começar a mapear e monitorizar as pradarias marinhas. O trabalho da organização com estas pescadoras inspirou Raquel, também bióloga, a fazer um vídeo para mostrar às Nações Unidas (ONU) bons exemplos de acções locais na mitigação das alterações climáticas.
O mini-documentário de três minutos, o tempo máximo que o regulamento do Global Youth Video Competition permite, passou à segunda fase do concurso internacional e vai ser o único projecto português a ser exibido na Cimeira do Clima da ONU, que se realiza a 23 de Setembro, em Nova Iorque. Até 7 de Setembro, todas as visualizações do vídeo disponível no YouTube contam para levar Raquel Gaião Silva e a preservação das "florestas marinhas" do estuário do Sado às Nações Unidas.
Se Raquel conseguir o maior número de visualizações entre os 20 vídeos a concurso na categoria “Cidades e acção local no combate às alterações climáticas” vai poder participar na cobertura mediática da Conferência das Partes (COP25), que se realiza em Dezembro, no Chile. A bióloga ganharia também o título de Embaixadora da Juventude para as Alterações Climáticas, juntamente com os vencedores das outras duas categorias.
No ano passado, Raquel Gaião Silva, natural de Viana do Castelo, tornou-se na primeira investigadora portuguesa a vencer o prémio mundial Global Biodiversity Information Facility Young Researchers Award (GBIF). A investigação distinguida focava-se no impacto das alteração climáticas nas macroalgas do Atlântico e foi realizada aquando de um mestrado internacional em Biodiversidade e Conservação Martinha. Mas além da investigação, a comunicação científica e a sensibilização ambiental são "áreas fundamentais" para a bióloga de 24 anos, explica ao P3. Trazer a investigação para fora do laboratório e para as vidas de quem tem mais impacto junto dos ecossistemas é um dos focos de Raquel, que trabalha na BlueBio Alliance, uma organização sem fins lucrativos sediada em Cascais.
Em 2018, os vencedores da Global Youth Video Competition foram Vikas (a organização não divulga os apelidos), com um vídeo sobre técnicas de agricultura sustentável na Índia, e Sofia, concorrente do México, que contou a história da Eco Urban, uma organização não-governamental. Criado em 2015, o concurso recebeu no ano passado 306 vídeos de jovens entre os 18 e os 30 anos, oriundos de mais de 100 países.