Amazónia: portugueses e brasileiros no Porto protestam contra Bolsonaro

Algumas dezenas de pessoas, entre manifestantes e curiosos, concentraram-se hoje à tarde no Porto em defesa da Amazónia e do ambiente, apostados em “entrar no mapa das mobilizações internacionais” para pressionar a saída de Bolsonaro do poder.

Nelson Garrido/Público
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“Queremos entrar no mapa das mobilizações internacionais para ver se conseguimos pressionar para tirar o Bolsonaro do poder”, afirmou Fabiana Martins, da organização, em declarações à agência Lusa à margem da iniciativa, destinada a “denunciar as queimadas criminosas na Amazónia que estão a acontecer há mais de 15 dias e que se alastraram pelos países da América Latina”.

Explicando tratar-se de uma concentração “tanto de portugueses como de brasileiros - convocada por pessoas com preocupações ambientais e com a Amazónia” e por movimentos como O Porto não se vende, A Colectiva e o Extiction Rebellion, para além de ambientalistas, feministas e a comunidade de imigrantes brasileiros - Fabiana Martins destacou a preocupação que todos partilham “não só com a Amazónia, mas com todas as políticas de extermínio que Bolsonaro [presidente do Brasil] tem promovido, tanto de genocídio como de ecocídio”.

“Não é uma questão de maldade ou de má administração, é mesmo uma questão política, ambiental e criminal”, sustentou, recordando que “no Brasil já há gente na luta há muito tempo”, sendo “os povos quilombolas, indígenas e ribeirinhos os mais afectados” com a não preservação da Amazónia, a maior floresta tropical do planeta.

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Sustentando que, “só em oito meses, a administração Bolsonaro já tomou várias medidas que fragilizaram muito a preservação” ambiental, exonerando pessoas responsáveis e sendo um “negacionista da ciência”, Fabiana criticou o “discurso totalmente ideológico e até um pouco esquizofrénico” do actual presidente, “que não faz o Brasil avançar”.

“Queremos a demissão deste Governo, queremos tirar o Bolsonaro e o ministro do meio ambiente, Ricardo Silva, do poder. No Brasil já não temos uma democracia, o número de assassinatos de lideranças indígenas aumentou brutalmente e o silêncio do Bolsonaro nestas questões é ensurdecedor. Além de ignorar, ele criminaliza a participação social e democrática dos movimentos sociais de base e não podemos mais fechar os olhos a isto”, disse.

Segurando um cartaz onde se lia “Ô Bolsonaro, cê não me engana, o latifúndio botou fogo na Amazónia”, a brasileira Lena Barros, de 31 anos e há cinco a viver em Portugal, disse à Lusa que a situação “já estava fadada a acontecer, com um presidente que tem um total desrespeito pelos órgãos de fiscalização do meio ambiente e que contesta os dados de desmatamento dos institutos nacionais de pesquisa”.

“Com um presidente que diz que pacto ambiental é coisa de veganos e é um atraso para o país isto estava fadado a acontecer”, considerou, defendendo que é preciso aproveitar “a plataforma mundial” que está a formar para “os países do mundo inteiro se reunirem e verem que medidas se podem tomar para acabar com isto”.

Já a portuguesa Ana Garcia, de 36 anos, confessou-se à Lusa “muito preocupada” com a delapidação “dos recursos naturais e da natureza”, recordando que “é um problema que já se arrasta há muitos anos, mas que tem vindo a agravar-se”.

“Há uma tendência para explorar cada vez mais os poucos recursos que já temos e estou aqui para denunciar a falta de sensibilidade de quem governa este mundo, que se preocupa mais com o capital do que com os valores ecológicos e humanos. Estamos a falar em direitos humanos, a natureza somos todos nós”, disse.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de Agosto, sendo a Amazónia a região mais afectada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Lusa

Nelson Garrido/Público
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