Bloco de Esquerda quer “dia mensal sem carros” no Porto
Proposta vai ser votada em Assembleia Municipal e pede ainda que Porto se junte ao dia mundial sem carros e à Semana Europeia da Mobilidade
Em algumas ruas da cidade, num domingo por mês, o Bloco de Esquerda quer proibir o trânsito automóvel naquilo a que chama o “dia mensal sem carros”. A proposta vai ser levada a votação esta quarta-feira à noite, em Assembleia Municipal extraordinária, e inclui ainda a adesão da cidade ao dia mundial sem carros, a 22 de Setembro, e a participação do Porto na Semana Europeia da Mobilidade.
Foram mais de 2500 os municípios europeus que aderiram à semana da mobilidade em 2018, onde o tema foi a “multimodalidade nos transportes”. Mas o Porto não se juntou às 88 cidades que participaram no evento. Uma decisão que “dificilmente se percebe”, escreve o grupo municipal do Bloco de Esquerda na proposta a que o PÚBLICO teve acesso. Este ano, o argumento desta iniciativa europeia muda para “caminhar e pedalar em segurança” e os bloquistas sugerem a realização de “ciclo-oficinas e outras actividades nas principais praças da cidade”.
Para mudar, sublinham, “não basta ter um pelouro do Ambiente”. “É preciso que as questões ambientais enformem as políticas de outros pelouros, como o urbanismo, a mobilidade, o turismo ou a protecção civil.”
Num inquérito publicado no Verão passado, onde se esmiúçam os hábitos de mobilidade nas cidades do Porto e de Lisboa, concluiu-se que o automóvel continua a ser o principal modo de transporte nas deslocações dentro da Área Metropolitana do Porto. O transporte público continua a ser utilizado apenas por quem não tem alternativa.
O BE destaca os “custos sociais, como a sinistralidade rodoviária”, do uso excessivo do automóvel, mas também os “impactos muito negativos no ambiente e na saúde pública”. E cita estudos científicos que “relacionam a emissão de gases poluentes e partículas com a incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares em sectores da população do Porto”.
Para os bloquistas, “a exigência cidadã para que as autarquias locais adoptem políticas que incentivem a acalmia do tráfego automóvel, a utilização da bicicleta, a melhoria do transporte público, mais áreas dedicadas a peões, maior acessibilidade para as pessoas com mobilidade condicionada” e ainda a recente greve climática estudantil são alguns sinais de mudança. Mas são precisos mais. “As cidades com futuro serão apenas aquelas que desenvolvam políticas de protecção da qualidade do ar, de mitigação das alterações climáticas e da redução do ruído.”
Bibliotecas com horário alargado
Na mesma Assembleia Municipal, o grupo parlamentar o BE vai propor ainda o alargamento dos horários da Biblioteca Municipal Pública do Porto e da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, como tinha, aliás, defendido numa petição de 2013, na altura com 1200 subscritores. A proposta é de ampliar o horário, das nove da manhã às oito da noite, de segunda a domingo, “com pleno respeito pelos direitos laborais e justa remuneração das suas e seus profissionais, decorrentes do alargamento”.
A proposta torna-se ainda mais relevante em “tempos de dificuldades económicas profundas” vividos no Porto, diz o Bloco, sublinhando que as bibliotecas se transformaram, para muitos cidadãos, na única possibilidade de ter acesso a livros e à Internet.