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A inquietação da geração pós-Erasmus invadiu festivais de música da Europa
Elevate, Nuits Sonores, Sónar, c/o pop, Reworks, TodaysArt, Insomnia, Unsound. Em 2016, oito festivais de música alternativa juntaram-se para dar mais do que espectáculo: nascia o colectivo We Are Europe, para promover a partilha cultural e organizar debates, conferências e também algumas performances e intervenções artísticas para reflectir sobre a cultura europeia.
“Começaram a perceber que a cultura também se faz não só com o entretenimento, mas também com este programa paralelo que levantava novos temas da sociedade”, conta ao P3 Luís Fernandes, do Canal 180, que em 2018 acompanhou sete dessas conversas.
O resultado é a série documental New Activists of European Culture (“Novos Activistas da Cultura Europeia”, em português), onde cada episódio junta dois participantes da programação de cada um dos festivais para falar sobre o papel da cultura na Europa contemporânea. Há músicos e activistas, DJ e writers, filósofos e jornalistas e até um cabeleireiro que se converteu em “realizador em part-time” para contar histórias de refugiados. Fala-se em questões ligadas à tecnologia, à cultura urbana, aos direitos sociais, à liberdade de expressão, aos refugiados e migrações e também, descreve Luís Fernandes, “da construção de uma identidade conjunta, colectiva”.
É possível que tempos desafiantes tenham motivado mais envolvimento político dos agentes culturais, em particular da música, para além do mero entretenimento. “Se calhar hoje em dia voltaram a chamar outra vez a si esta ideia de que devem ter algo a dizer e isso é algo que também os festivais perceberam”, pondera o director do Canal 180.
Porquê chamar “novos activistas” da cultura europeia? “Se calhar os novos activistas somos nós todos que falamos destes assuntos, que nos preocupamos com estes assuntos e que temos também uma responsabilidade não só cultural para com a sociedade, mas também social”, responde Luís Fernandes. “Os activistas são os jornalistas, os músicos, os artistas, todos aqueles que no seu trabalho e no seu dia-a-dia procuram ir mais além com as temáticas que exploram e que conseguem construir uma agenda comum de forma natural e isso vem muito desta ideia europeia... deste pós-Erasmus, desta livre-circulação não só de pessoas e bens, mas também de ideias.”
O P3 acompanhou os sete episódios da série New Activists of European Culture, que pode ser vista na íntegra aqui.