CDS deixa cair objectivo de ficar à frente do BE e PCP
Centristas parecem estar a baixar as expectativas, depois de nenhuma sondagem lhes dar mais votos do que aos partidos de esquerda.
A meio da campanha eleitoral, Nuno Melo juntou ao objectivo com que o CDS partiu para esta eleição – eleger dois deputados – um outro: ficar à frente do BE e PCP. As sondagens começaram a sair, nenhuma delas dava os centristas à frente e nunca mais ninguém falou nisto. Nesta sexta-feira, os jornalistas perguntaram a Assunção Cristas se ficar atrás de BE e PCP significaria uma derrota para o CDS. “Não. Não era essa a meta”, respondeu.
“A meta é eleger dois deputados. Duplicar, no mínimo. Tudo o que vier a mais é ganho”, afirmou Cristas antes do início de uma arruada de campanha na Baixa do Porto.
A manifestação não reuniu mais gente do que a realizada em Lisboa, mas teve mais portugueses e menos turistas. E teve também mais calor humano, mais apoios.
O único contratempo foi o “perigo” de a arruada do CDS se cruzar com a do PSD que também andava por aquelas ruas. A acção dos centristas começou na Praça dos Leões, frente à reitoria da Universidade do Porto, e terminava na Capela da Almas, de Santa Catarina. Era notório que o CDS não queria cruzar-se com os sociais-democratas e abrandou o passo várias vezes para que tal não acontecesse. Nuno Melo até brincou: “Agora, com o PSD, é costas com costas.”
De resto, Cristas e todos os candidatos do partido continuaram a fazer veementes apelos à participação eleitoral.
No início da arruada, dois dos chamados lesados do BES, com bandeiras do CDS, nas mãos queriam saber quais as soluções que os centristas tinham para eles. Coube à deputada Cecília Meireles dizer-lhes que o partido defende uma solução “igual para todos os lesados”.
Já no jantar de encerramento, em Nogueira da Regedoura, Santa Maria da Feira, Assunção Cristas quis transmitir uma mensagem de confiança e, aos mesmo tempo, voltar a apelar à participação eleitoral contra abstenção. “Vamos ter um grande resultado. (…) Para o CDS só conta uma coisa: a sondagem da rua e essa está forte. Quem acredita em nós que traga mais para votar”, afirmou. Acrescentou mesmo que, para a votação do CDS, “não há limites”. “Quando nos querem pôr uma fasquia, nós vamos mais à frente. (…) O CDS está forte, unido e acrescer”.
Já Nuno Melo, além de fazer o balanço da campanha, trazia um “recado” para o candidato do PS. Pedro Marques tinha afirmado recentemente que a entrada de Paulo Portas lhe facilitava a campanha. Melo respondeu: “A presença de Pedro Marques é que complicou a campanha do PS. Pedro Marques causou embaraço e foram obrigados a escondê-lo e a colocar o primeiro-ministro como candidato.”