Paulo Rangel e Pedro Marques trocam acusações sobre sanções e fundos
Num debate transmitido pela RTP, Pedro Marques acusou Paulo Rangel de apoiar Manfred Weber, o candidato a presidente da Comissão Europeia que defendeu sanções para Portugal, e o social-democrata contrapôs que o Governo português e o candidato socialista aceitaram “perder 7% dos fundos” comunitários.
O frente-a-frente entre os cabeças de lista do PS e do PSD às eleições europeias ficou este sábado marcado por trocas de acusações sobre diminuições de fundos comunitários e a aplicação de sanções a Portugal.
Num debate na RTP, Pedro Marques acusou Paulo Rangel de apoiar um candidato a presidente da Comissão Europeia que defendeu sanções para Portugal, e o social-democrata contrapôs que o Governo português e o candidato socialista aceitaram “perder 7% dos fundos” comunitários.
“O que vão fazer os votos do PSD e do CDS é que vão tentar eleger Manfred Weber, o homem que pediu sanções com força máxima para Portugal”, acusou o socialista Pedro Marques, referindo-se ao candidato do Partido Popular Europeu para presidente da Comissão Europeia, exibindo depois uma carta daquele político alemão.
Paulo Rangel disse que Weber se limitou a pedir tratamento igual para todos os países, quando o socialista francês Pierre Moscovici quis “isentar a França e a Itália”, na altura com governos socialistas, seguindo “o critério das famílias do PS”. “Famílias políticas, neste caso”, observou Rangel, numa referência indirecta aos casos de ligações familiares entre membros do Governo e de nomeados para gabinetes ministeriais.
Sobre os fundos europeus, o cabeça de lista do PSD sublinhou: “A proposta que o Parlamento Europeu aprovou, mas que foi marcada por nós, pelo José Manuel Fernandes e por mim, é uma proposta em que Portugal perde zero euros, enquanto o Governo português e Pedro Marques, em particular, aceita perder 7%”.
Pedro Marques refutou esta acusação e acusou Paulo Rangel de enfraquecer a posição nacional por “rasgar o acordo” que os sociais-democratas assinaram com o Governo para fortalecer a posição negocial de Portugal. “A negociação está a começar agora. Países do tamanho do nosso, como a Polónia e a República Checa têm cortes de 10%. Eu quero melhorar esta proposta e bater-me-ei por isso. Acho que o país estará mais forte se o acordo não for renegado pelo PSD”, argumentou.
Na parte inicial do debate, Rangel criticou que Portugal tenha sido “ultrapassado todos os anos por outros países, sobretudo do leste”, no crescimento económico, Pedro Marques contrariou-o dizendo que, pelo contrário, “pela primeira vez esteve a convergir dois anos seguidos, vai para o terceiro”.
Os cabeças de lista socialista e social-democrata digladiaram-se ainda com o peso da austeridade do governo de Pedro Passos Coelho e Rangel recuou a 2010 para exibir uma notícia sobre o “corte de 250 milhões de euros em abonos de família” que Pedro Marques concretizou quando era secretário de Estado da Segurança Social de José Sócrates.
No final do debate, Rangel apelidou Pedro Marques de “fake candidato”, desafiando-o a dizer se quer ir para a Comissão Europeia, tendo um momento de elogio à “visão de Europa” do socialista Francisco Assis, que defrontou em 2014. “Já António Costa disse que não quer que ele seja deputado europeu, portanto, é um “fake” [falso] candidato ao Parlamento Europeu. Na verdade, ele não quer ir para o Parlamento Europeu, quer ir para a Comissão Europeia. Tem de esclarecer o que é que quer”, desafiou Rangel.
Pedro Marques respondeu: “Sejamos claros: a única coisa para que fui convidado foi para ser candidato ao Parlamento Europeu e tenho uma honra enorme em ser candidato ao Parlamento Europeu, suceder a Mário Soares, António Vitorino, Maria de Lurdes Pintassilgo, Sousa Franco”.
Neste momento, Rangel interrompeu Pedro Marques para dizer: “Não se esqueça de Francisco Assis, de Vital Moreira, também foram bons, eles tinham visão para a Europa”. “Excelentes candidatos que o PS teve sempre no passado”, acrescentou Pedro Marques.
Nas eleições europeias de 26 de Maio são eleitos 21 deputados portugueses ao Parlamento Europeu.