Duzentos ambientalistas formam cordão humano pelo encerramento de Almaraz

Os ambientalistas defenderam que os governos de Portugal e Espanha devem adoptar “medidas fortes” que impeçam a continuidade da central, que está a atingir os 40 anos.

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LUSA/ANTÓNIO JOSÉ

Cerca de duzentos ambientalistas portugueses e espanhóis formaram este sábado um cordão humano para exigir aos governos de Portugal e Espanha o encerramento da central nuclear de Almaraz, numa manifestação junto a Cedillo (Espanha) e em Nisa, do lado português.

“Estamos juntos mais uma vez para mostrar a nossa oposição a qualquer tentativa de prolongamento da licença de exploração desta central. Esta central tem licença para operar até Junho de 2020 e aquilo que nós queremos é que ela encerre mesmo em Junho de 2020”, disse o dirigente da associação ambientalista Quercus, Nuno Sequeira, no decorrer da acção junto à barragem de Cedillo, na província de Cáceres, na fronteira com Portugal.

O ambientalista, também coordenador do Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), que convocou o protesto, espera que “não passe pela cabeça” do Governo espanhol prolongar o prazo de exploração “por mais 10 ou 20 anos” da central de Almaraz, que fica na província de Cáceres a cerca de 100 quilómetros de Portugal.

Nuno Sequeira defendeu que o Governo português deve ser “ouvido” neste processo porque, em caso de acidente nuclear, Portugal será “seriamente afectado”.

Em declarações aos jornalistas, o dirigente do MIA, António Minhoto, recordou que a central nuclear de Almaraz “terminou o seu prazo de validade” e tem sofrido “vários incidentes” ao longo dos últimos tempos. 

“Portugal não está nem de longe nem de perto precavido para isto [acidente nuclear], seria uma catástrofe muito grave. Os governos, português e espanhol, politicamente da mesma cor, devem chegar a um entendimento”, defendeu.

A dirigente do MIA em Espanha, Irene de La Cuerda, defendeu por sua vez, em declarações aos jornalistas, que Almaraz “tem de ser a primeira” central nuclear a encerrar, seguindo-se depois “mais sete” que estão em funcionamento no país vizinho.

No decorrer da acção, os ambientalistas defenderam que os governos dos dois países devem adoptar “medidas fortes” no sentido de não autorizarem a continuidade da central, que está a atingir os 40 anos.

Os ambientalistas recordaram que as três empresas de electricidade detentoras da central nuclear chegaram recentemente a acordo para pedir a extensão da licença de funcionamento de Almaraz, estando, nesta altura, a decisão “nas mãos” do Governo espanhol.

Os ambientalistas portugueses e espanhóis, bem como representantes de partidos políticos, também empunharam vários cartazes com mensagens como “Cerrar Almaraz e todas las demás” ("fechar Almaraz e todas as outras"), “Por um Tejo Vivo”, ou “Não ao nuclear, fechar Almaraz!”.

Os ambientalistas ibéricos concentraram-se de manhã junto da barragem de Cedillo, na fronteira com Portugal, e depois do lado português, em Nisa, formando um cordão humano para simbolizar a ligação entre as duas margens do rio Tejo.

Durante a tarde, os manifestantes concentram-se junto de uma jazida de urânio também em Nisa, para manifestar oposição a qualquer tipo de projectos de exploração de urânio na região.