Ciclone Idai
Moçambique: quando uma equipa de futebol feminino ajuda a combater a cólera
Mais de um mês e meio depois de o ciclone Idai ter atingido a cidade da Beira, em Moçambique, há ainda muito a fazer. Os habitantes tratam de recuperar todos os bens materiais que se perderam e enfrentam ainda a cólera e a malária, duas das doenças cujo risco aumentou após a passagem desta tempestade e, depois, do ciclone Kenneth. Entidades internacionais como os Médicos sem Fronteiras (MSF) continuam a prestar ajuda a este país africano, que se depara ainda com um problema de sobrelotação nos hospitais
Nos bairros de Chingussura, nas redondezas da Beira, as jogadoras do Cocoricoó, campeãs nacionais de futebol feminino em Dezembro, disponibilizaram o campo onde jogam para os MSF poderem abrir um centro hospitalar improvisado, onde continuam a assistir vários doentes. Além disso, como mostram estas imagens cedidas pela organização médica, as futebolistas amadoras uniram-se para montar as tendas e colocar telhados nas habitações daquela localidade. Uma delas é Sílvia Augusto, de 22 anos. "O ciclone veio de um jeito que nós não esperávamos", confessa neste vídeo. "Fizemos um grupo, passámos de rua em rua para ajudar a limpar." No pouco tempo livre que têm, as jogadoras não deixam de dar uns toques na bola. O futebol feminino em Moçambique, porém, permanece num registo bastante amador. Na última vez que o país se fez representar foi na primeira eliminatória de acesso aos Jogos Olímpicos de 2020, entre os finais de Março e início de Abril, onde perderam por 11-1 e 0-3, a duas mãos, frente ao Malawi. As competições nacionais de futebol feminino em Moçambique acontecem anualmente, durante um mês, numa província a designar.
A principal liga de futebol do país, a Moçambola, que iria arrancar a 30 de Março, esteve adiada por tempo indeterminado e regressou um mês depois, a 27 de Abril, encontrado-se agora na terceira jornada. No início de Maio, o Banco Mundial anunciou que vai ajudar financeiramente Moçambique e os outros países afectados pelo ciclone: Malawi e Zimbabué. Segundo o jornal moçambicano O País, vão ser disponibilizados 313 milhões de euros para apoiar o restabelecimento de água potável, recuperação de infra-estruturas públicas e prevenção de doenças.