Morreu Alfredo Rubalcaba, ex-líder do PSOE que pôs a sua marca no fim da ETA
O histórico socialista foi ministro de vários governos e chegou a liderar o PSOE entre 2012 e 2014, afastando-se a seguir da vida política. O primeiro-ministro Pedro Sánchez tinha regressado mais cedo do Conselho Europeu na Roménia por causa do seu estado de saúde.
O ex-secretário-geral do PSOE Alfredo Pérez Rubalcaba morreu nesta sexta-feira aos 67 anos, num hospital em Madrid, onde tinha dado entrada dias antes, na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC).
O fim do terrorismo da ETA teve a marca de Rubalcaba, natural da Cantábria (28 de Julho de 1951) e professor de Química na Faculdade de Ciências da Universidade Complutense de Madrid, cujos últimos cargos governamentais, no Executivo de José Luis Zapatero, foram de ministro do Interior, vice-presidente e porta-voz do Governo. Mas tinha começado por ser ministro da Educação e da Presidência nos governos de Felipe González, nos anos 1990, depois de ser porta-voz do grupo parlamentar socialista.
Nas mãos deste político considerado um orador brilhante e de raciocínio rápido esteve também a negociação da reforma do Estatuto da Catalunha, aprovado em 2006, em clima de conflito com o Partido Popular. Enquanto ministro do Interior de Zapatero, geriu as tréguas declaradas pela organização terrorista basca ETA em 2006 e o processo para chegar à paz, que incluiu ainda um atentado no aeroporto de Barajas, em Madrid, e decisões difíceis sobre o estatuto de etarras presos e em greve de fome.
Em Julho de 2011, demitiu-se do Governo de Zapatero, para concorrer à presidência dos socialistas espanhóis e dirigiu o PSOE quando este foi derrotado pelo Partido Popular de Mariano Rajoy nas eleições de 2011 - os socialistas passaram de 169 para 110 deputados.
Rubalcaba assumiu então o papel de líder da oposição, tomando posições críticas em relação à austeridade, contra-corrente numa União Europeia rendida a este mantra. Junto com o líder do PS, António José Seguro, e com George Papandreou, líder do PASOK grego, assinou uma carta enviada ao Conselho Europeu, defendendo a necessidade de medidas de apoio ao crescimento económico e à criação de emprego.
Alfredo Pérez Rubalcaba demitiu-se da liderança do PSOE em 2014, após os maus resultados obtidos pelo partido nas europeias de 2014 - o momento em que o Podemos irrompeu na cena política espanhola, marcando o fim do bipartidarismo em Espanha. Mas antes de deixar a politica, foi ainda um dos líderes a negociar a abdicação do rei Juan Carlos, enfraquecido e em queda de popularidade devido a vários casos envolvendo o rei e a família real, num esforço de renovação da monarquia.
Face às inúmeras denúncias de casos de corrupção no PP, pediu solenemente a Mariano Rajoy que se demitisse, porque não conseguiria nunca evitar estar rodeado pelas irregularidades no seu partido. Mas Rajoy manteve-se obstinadamente no cargo, até ser afastado por uma improvável moção de censura ganha pelo socialista Pedro Sánchez. Este manteve as melhores relações com Rubalcaba, ainda que o ex-líder tenha apoiado publicamente Cristina Díaz nas últimas primárias do PSOE, ganhas por Sánchez, recorda o El Español.
Diz o El País que o primeiro-ministro ainda tentou ainda desafiar Rubalcaba, sem sucesso, para uma candidatura à câmara de Madrid nas eleições de 26 de Maio. Sánchez abandonou na sexta-feira mais cedo a cimeira europeia em Sibiu, na Roménia, ao saber do agravamento do estado de saúde de Rubalcaba.