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Ayrton Senna: "o melhor de sempre na Fórmula 1" deixou-nos há 25 anos
O PÚBLICO relembra o histórico piloto brasileiro que morreu num acidente durante o Grande Prémio de São Marino, a 1 de Maio de 1994. Pedro Lamy, que correu com Senna na Fórmula 1, relembra as qualidades e descreve o que sentiu quando soube da morte do "mago".
“O Ayrton era um vencedor nato, um piloto que só queria vencer. Era um líder em pista, bastante aguerrido e determinado em todos os movimentos. Logicamente, só se consegue ser tudo isso quando se é muito rápido. Tinha um carro que muitas vezes estava à altura, outras vezes não estava, mas ele conseguia dar sempre a volta à situação”. Pedro Lamy, ex-piloto de Fórmula 1 falou com o PÚBLICO sobre o piloto brasileiro que, há exactamente 25 anos, perdeu tragicamente a vida num acidente no Grande Prémio de São Marino, em Ímola, Itália.
Todos se lembram onde estavam quando souberam da morte de Ayrton Senna, no dia 1 de Maio de 1994. Foi um fim-de-semana negro para o desporto: na sexta-feira, o compatriota Rubens Barrichello teve um acidente grave que o deixou inconsciente e, no sábado, um dia antes da morte de Senna, foi o austríaco Roland Ratzenberger a perder a vida após um acidente aparatoso. “Depois daquele fim-de-semana terrível, as coisas mudaram [a nível da segurança]. Foi muito confuso, muito doloroso para todos os pilotos”, atesta Pedro Lamy.
Apesar de o piloto português ter participado nessa corrida, Pedro Lamy já não estava em pista quando o brasileiro perdeu a vida. O piloto ao comando de um Lotus-Mugen Honda embateu contra o Benetton de J.J Lehto, que ficou imobilizado nos semáforos verdes. O português teve de regressar às boxes e foi daí que viu o acidente que vitimou o colega de profissão. “Achei que tivesse sido um acidente normal, nunca me passou pela cabeça que pudesse ter acontecido o que aconteceu. Foi uma situação totalmente inesperada”, relembra Pedro Lamy.
As notícias da morte de Ayrton Senna enviaram ondas de choque por todo o Mundo. O brasileiro é muitas vezes apelidado como “o melhor de sempre da Fórmula 1”. Pelo menos é o que diz a generalidade dos pilotos, Michael Schumacher incluído. Pedro Lamy concorda com esta afirmação: "Sim, sem dúvida. Para mim foi o melhor de todos os tempos, mesmo não tendo ficado com todos os recordes em termos de resultados, porque partiu muito cedo. Todas as capacidades que tinha tornam-no no melhor piloto de sempre".
Apesar de não ser o mais titulado da modalidade — Senna venceu o Mundial de pilotos por três vezes —, todos recordam a personalidade temerária do brasileiro, que levava o carro ao limite. “Sendo um piloto de corridas, estás constantemente exposto a riscos. Se deixares de tentar penetrar num espaço que se abra, já não és um piloto de corrida”, afirmou Ayrton Senna em entrevista com o piloto histórico britânico Jackie Stewart.
Esta tolerância ao risco era especialmente evidente nas fases de qualificação. Não é por acaso que Ayrton somou 65 pole positions, muitas vezes obliterando as esperanças dos rivais com vantagens que se aproximavam — ou ultrapassavam — da margem do segundo. O brasileiro continua a ser o terceiro piloto com mais partidas na frente da grelha, apenas ultrapassado por Michael Schumacher, que soma 68 pole positions e Lewis Hamilton, primeiro na lista com 84.
A primeira de 41 vitórias da carreira do piloto brasileiro foi em Portugal, no Estoril. Pedro Lamy relembra a grande popularidade que Ayrton Senna tinha no nosso país, chegando mesmo a afirmar que, "depois do Brasil", éramos o território que albergava mais admiradores do piloto.
Um quarto de século após a sua morte, o desporto mudou profundamente. O trágico acidente em Ímola serviu para revolucionar as medidas de segurança dos carros e dos pilotos. Pedro Lamy acredita que, se acontecesse hoje, seria pouco provável que o acidente tivesse contornos tão trágicos: "Hoje em dia, se o Senna tivesse tido o mesmo acidente as coisas, em princípio, seriam diferentes. O capacete está mais protegido e, em circunstâncias normais, ele estaria bem e não teria havido problemas. Não quer dizer que a Fórmula 1 deixou de ser um desporto perigoso, mas as condições de segurança melhoraram muito."
Para a eternidade ficam as grandes corridas do piloto brasileiro que, apesar do passar dos anos, continua bem vivo na memória dos amantes do desporto motorizado.