Diocese do Porto não quer criar comissão para lidar com eventuais casos de abusos sexuais

Bispo do Porto garantiu que a Igreja mudou a sua atitude, mas que a diocese do Porto não vai criar uma comissão para lidar com eventuais casos de abuso.

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Manuel Roberto

Em entrevista à TSF, o bispo do Porto garantiu que a Igreja católica está a “mudar tudo” para evitar novos casos de pedofilia, mas admite que, mesmo assim, “é possível que alguém volte a fazer asneiras”.

D. Manuel Linda sublinhou, em entrevista, que a postura da igreja perante o tema mudou radicalmente e que é para ser tratado “muito a sério”. O responsável máximo da diocese do Porto acrescentou, contudo, que ao contrário do que acontece em Lisboa, não vai avançar com medidas de controlo da pedofilia.

Assim sendo, o Porto é a primeira diocese do país a dizer que não avançará com uma comissão deste tipo depois do Papa Francisco ter pedido ao clero que denuncie às autoridades todas as suspeitas de crimes sexuais.

D. Manuel Linda justificou-se afirmando que “ninguém cria, por exemplo, uma comissão para estudar os efeitos do impacto de um meteorito na cidade do Porto”.

O bispo acredita que não se justifica a criação de uma comissão para o efeito e que se no caso da pedofilia, a formação dos seminaristas e do clero funcionar, será esse o caminho. D. Manuel Linda disse ainda que, até ao momento, não houve nenhum caso no Porto.

A diocese de Lisboa criou este mês uma comissão para fazer a triagem de denúncias de abusos sexuais, tal como o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, tinha anunciado em recente entrevista ao PÚBLICO/Renascença. Dessa comissão fazem parte o ex-Procurador-geral da República, José Souto Moura, o ex-director nacional da PSP, Oliveira Pereira, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, a psicóloga forense, Rute Agulhas, entre outros.

No decreto de constituição da comissão, o cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, escreveu: “As comunidades e instituições católicas da Diocese, como as da Igreja em geral, devem ser espaços de convivência feliz e segura para todos, especialmente para os menores e os mais frágeis. Para colaborar neste sentido, prevenindo e superando tudo o que o contrarie, crio no Patriarcado de Lisboa uma Comissão para a Protecção de Menores, composta por pessoas com experiência nas áreas da psicologia, psiquiatria, justiça civil e canónica e comunicação social”. 

A expressão abusos sexuais não consta explicitamente, sendo adoptada apenas uma referência aos “menores e os mais frágeis”. 

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