Música
Cure, Stevie Nicks, Def Leppard e Roxy Music fizeram a festa no Rock and Roll Hall of Fame - e os Radiohead quase faltaram
A lista dos músicos que este ano passam a integrar o Rock and Roll Hall of Fame já era conhecida e só faltava a festa: uma noite de concertos, de discursos e reuniões. Janet Jackson falou da família no actual momento controverso, os Radiohead só enviaram parte da banda e a noite foi do gótico ao hair metal e da pop às mulheres.
Na noite de sexta-feira, o pavilhão Barclay's Center de Brooklyn (Nova Iorque) recebeu a habitual fornada de lendas da música que anualmente é introduzida no Rock and Roll Hall of Fame. A turma de 2019 é composta por Stevie Nicks, Janet Jackson, Radiohead, The Cure, Def Leppard, Roxy Music e The Zombies, um lote que abarcou músicos que começaram a deixar a sua marca na indústria nos anos 1960, 70, 80 e 90.
Stevie Nicks é a primeira mulher a ser induzida no Rock and Roll Hall of Fame duas vezes - primeiro como membro dos Fleetwood Mac, em 1998, e agora pela sua carreira a solo. Escolheu o artista pop Harry Styles, ex-membro da boy band One Direction, para a apresentar e tanto o discurso dele quanto o da cantora, seguidos por uma actuação de vários temas, foram um dos momentos da noite.
Janelle Monae apresentou, por seu turno, a cantora pop e a mais nova dos irmãos Jackson Janet Jackson. Chamou-lhe "a rainha da black girl magic". Jackson, que continuou sem comentar a polémica em torno de Leaving Neverland, o documentário que devolveu ao centro da discussão pública as acusações de pedofilia contra Michael Jackson, sublinhou "o extraordinário impacto na cultura popular" da sua família.
Coube ao frontman dos Nine Inch Nails, Trent Reznor, a apresentação aos The Cure, a duradoura banda britânica que descreveu como "inovadores pop dos anos 80" e cuja música disse ter mudado a sua vida. Os Cure, que actuam em Portugal este ano como cabeças de cartaz do festival Nos Alive, preferiram encurtar o tempo dos discursos para tocar Boys Don't Cry, entre outros temas, e ser discretos com o seu parcial desconforto com o ambiente mainstream do Rock and Roll Hall of Fame, como Robert Smith explicaria à revista Rolling Stone.
Os Roxy Music reuniram-se (quase) no Rock and Roll Hall of Fame, com Brian Ferry, Phil Manzanera e Andy Mackay a dar corpo a vários dos seus temas mais conhecidos. Brian Eno ou Paul Thompson não compareceram e o grupo juntou-se publicamente, ainda assim, pela primeira vez em oito anos. Ferry chamou à distinção "uma honra inesperada". Foram apresentados pelos contemporâneos Simon Le Bon e John Taylor, dos Duran Duran.
Os iconoclastas Radiohead estiveram apenas em parte em palco: Thom Yorke e companhia foram representados exclusivamente pelo guitarrista Ed O’Brien e pelo baterista Philip Selway, tendo sido apresentados por David Byrne. Afinal, foi a canção Radio Head, dos Talking Heads, que deu o nome à banda de Karma Police. Ao som dos aplausos dos fãs, os membros da respeitada banda de indie rock agradeceram a honraria e a presença de Byrne. Há meses, Yorke tinha já admitido ser bastante "blasé" em relação a este tipo de cerimónia e em palco O'Brien, que antes tinha dito que preferiria ficar em casa à lareira ou num concerto em vez de ir a uma cerimónia de prémios, lá admitiu que os Radiohead "não são a banda mais amiga dos media".
O hair metal dos anos 1980 esteve representado pelos Def Leppard, que fecharam a cerimónia com uma interpretação do seu êxito Pour some sugar on me depois de uma sequência de outros seus temas depois de terem sido elogiados por Brian May, dos Queen. Os Zombies, que foram apresentados por Susanna Hoffs, das Bangles, tiveram os seus grandes êxitos no final da década de 1960. Tal como os Def Leppard, tiveram de esperar décadas até à introdução no rol de grandes músicos que integram o Rock and Roll Hall of Fame e subiram ao palco para lembrar Time of the Season ou She’s Not There. Joana Amaral Cardoso