Design
Olivetti: uma exposição para conhecer quem escreveu a história — literalmente
A relação que alguns dos maiores escritores de sempre mantiveram com a sua máquina de escrever é histórica — e já fez correr rios de fita. Percebe-se. Hipsterismos à parte, a máquina de escrever traz consigo uma certa ideia de odisseia dactilográfica que o ambiente higienizado dos computadores fez perder: do (obrigatoriamente) vigoroso martelar nas teclas à pouquíssima (ou nenhuma) tolerância ao erro (mais uma página, mais uma viagem). E também deixa saudades enquanto objecto de design, como mostra a exposição Olivetti, a Unidade na Diversidade.
O esad-idea, o centro de investigação da ESAD — Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, juntou-se à Fundação DIDAC, em Santiago de Compostela, para levar ao espaço do Museu e Igreja da Misericórdia do Porto (Rua das Flores, 15) uma retrospectiva do legado industrial, gráfico e tipográfico da marca italiana. De 30 de Março a 26 de Maio, podem encontrar-se em exposição várias máquinas de escrever, como as icónicas Valentine (1969) e Lettera 10 (1979), mas também cartazes publicitários e materiais tipográficos.
Fundada em 1908 em Ivrea, Turim, pelo industrial Camillo Olivetti, a marca "tornou-se célebre pelo design das suas máquinas, pelos seus materiais gráficos e pelas inovadoras campanhas publicitárias que desenvolveu", diz a ESAD em comunicado. "Mundialmente conhecidas, as máquinas de escrever Olivetti democratizaram o acesso ao processamento de texto, tendo sido essenciais para dar visibilidade e autonomia a alguns dos principais movimentos sociais do século XX, como o feminismo." Para além disso, algumas tipografias da Olivetti influenciaram também a criação de fontes no ambiente digital, como a Gridnik. A exposição, comissariada por David Barro, curador independente, crítico de arte e editor da revista Dardo, e María Ramos, investigadora e designer de tipos, apresenta ainda alguns cartazes publicitários criados por alguns dos maiores nomes do design gráfico, como Milton Glaser, Raymond Savignac ou Paul Rand. Um percurso para conhecer quem escreveu a história — literalmente.