Concurso
Há um português entre os melhores fotógrafos subaquáticos do mundo — e quer salvar os oceanos
Um homem segura uma jamanta e, com uma catana, retira-lhe as guelras, que daqui, de Java, do segundo maior porto de pesca da Indonésia, serão exportadas para a China, onde serão usadas no fabrico de medicamentos. Foi com esta imagem, simbolicamente baptizada de Killing Angels, que o fotógrafo João Rodrigues conquistou o segundo lugar na categoria Conservação Marinha no concurso mundial Underwater Photographer Of The Year 2019, que desde 2015 elege o melhor fotógrafo subaquático do ano.
"Num mundo em que os recursos naturais estão a ser explorados a um ritmo frenético e de uma forma não sustentável, a imagem representa, de certa forma, todos os animais que se encontram em perigo de desaparecimento e que mais do que nunca precisam que a sua realidade seja mostrada à comunidade para que sejam tomadas medidas de conservação", disse à Lusa o fotógrafo.
Captada ao serviço da National Geographic Portugal, a fotografia funciona como um alerta, realça o autor. "Desde a poluição à sobre-exploração pesqueira, é necessário reflectirmos sobre o declínio acentuado que estamos a causar nas populações de inúmeras espécies marinhas. Só nós poderemos mudar o rumo que actualmente promete levar-nos a um destino catastrófico." Em breve, o biólogo e fotógrafo vai também lançar um livro e um filme sobre os cavalos-marinhos da Ria Formosa, também em risco de extinção, com o nome Cavalos de Guerra.
A imagem do português destacou-se entre as cerca de 5000 recebidas este ano pelo concurso britânico, vindas de fotógrafos de 65 países. O grande vencedor foi o inglês Richard Barnden com a agitada fotografia The Gauntlet, tirada na Polinésia Francesa, que capta um momento de caça de um grupo de tubarões. O espanhol Eduardo Acevedo, por seu turno, foi eleito fotógrafo do ano na categoria de Conservação Marinha. Vale também a pena recordar as imagens que partilhámos em Janeiro de um outro concurso de fotografia subaquática.