Francisco Assis "volta" ao PS, mas põe-se de fora da corrida às legislativas

O eurodeputado, que não será candidato às eleições europeias, diz que não tem intenção de voltar ao Parlamento português, mas diz-se disponível para ajudar o partido.

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Francisco Assis LUSA/FERNANDO VELUDO

A deixa estava preparada ou não tivesse sido dita logo nos cumprimentos aos presentes. Dirigia-se a Ferro Rodrigues de forma especial, por ser presidente da instituição a que estará "sempre ligado", a Assembleia da República, quando acrescentou: "...embora não tenha a intenção de lá voltar". Francisco Assis terá percebido ou mesmo querido provocar um certo efeito na sala onde estão reunidos os socialistas, em Vila Nova de Gaia, na Convenção Nacional A Europa É Aqui.

Num discurso em que quis aproximar-se do actual PS, do qual discordou, Francisco Assis garantiu que está empenhado em ajudar o partido no ano eleitoral sem que isso signifique que queira entrar numa lista. "Estou disponível para participar activamente. Há momentos para divergirmos, para dizermos 'o vosso caminho não é o meu'. Este é o momento para convergir", defendeu o eurodeputado. Esta ideia vai ao encontro do que disse ao PÚBLICO na edição deste sábado, assumindo que voltará a dar um contributo mais activo ao PS.

Assis quis mostrar nas palavras que não ser candidato não o fará passar para o lado da oposição a António Costa. "Não estar incluído numa lista não me exclui do dever de contribuir para a vitória do PS nas próximas eleições. Nunca estive na política em função do desempenho desta ou daquela função. Estive sempre na política por ideias e projectos. Nunca deixei de dizer o que pensava, mesmo que isso por vezes prejudicasse. Faço-o por respeito pelos militantes do PS", insistiu.

Palavras aplaudidas, mas que logo de seguida provocaram dúvidas. O eurodeputado lembrou o slogan criado pelo poeta Alexandre O'Neill para defender o voto no PS: "Ele não merece, mas vota no PS". Uma frase criada que pretendia dar a indicação de que o partido pode ter os seus defeitos, mas é o melhor de todos os partidos.

Num discurso de mais de vinte minutos, Assis não deixou, no entanto, de referir que não mudou em "aspectos essenciais" das críticas que fez a António Costa, mas, "felizmente", disse, percebeu que algumas das suas dúvidas não se concretizaram. Uma delas diz respeito ao posicionamento europeu do PS. "Num congresso do PS há uns tempos – tenho tido uma posição crítica que em aspectos essenciais mantenho - eu disse que a minha grande preocupação era que o preço que teríamos de pagar pela aliança parlamentar com dois partidos, um claramente anti-europeísta e outro a caminhar para ser moderadamente anti-europeísta, fosse que perdêssemos as nossas convicções europeístas. Felizmente isso não aconteceu", defendeu.

Como prova que neste assunto está próximo de António Costa, Assis afirmou que "o PS não decaiu, manteve-se firme" e lembrou um discurso de Costa em Estrasburgo: "Tive orgulho em ouvir o discurso que proferiste", disse.

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