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Maria apanha os cogumelos que ficam bem na fotografia, não no prato

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Muito antes de começar a fotografar cogumelos, Maria já os procurava por Vila Real, sempre a pensar no quão bem ficariam no prato. Até que há cerca de um ano, os passeios pelas florestas transmontanas mudaram de rumo. Agora, antes de os colher, a pergunta não é se serão ou não comestíveis, mas se ficam bem ou mal na fotografia.

Sob o pseudónimo Maria Natura, Maria Filomena Teixeira, professora de 56 anos, cria composições de naturezas-mortas protagonizadas por cogumelos de cores bem vivas. “Os que têm lâminas são, para mim, os mais bonitos. Virados ao contrário faziam-me lembrar seres marinhos e eu, apesar de viver em Trás-os-Montes, sempre me senti atraída pelo mar. Mas diziam-nos sempre que eles eram venenosos. E eu ficava a olhar para eles, com muita pena”, ri-se, ao telefone com o P3. Longe da praia, refugia-se nas florestas, matas e montanhas, junto a ribeiros e rios, onde “só não se encontram cogumelos em períodos de seca muito prolongada”. As caminhadas no Outono e na Primavera resultam nas composições “mais ricas”. Algumas chegam a ter 15 espécies diferentes só de cogumelos.  

Maria sabe identificar a maior parte delas e, antes de arrancar os cogumelos à terra, respeita alguns cuidados. Não apanha espécies raras, não recolhe espécimes únicos na zona, leva os exemplares mais velhos, utiliza os mesmos “materiais”, como lhes chama, várias vezes. No fim, devolve-os à terra. E começa mais um passeio, de olhos no chão. 

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