As caras que o plástico da costa açoriana tem

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Solas de sapatos, garrafas de iogurte, tampas de garrafa, colheres, pratos, sacos de plástico, restos de fogo-de-artíficio e espuma de isolamento: são resíduos de plástico encontrados na costa açoriana que se transformaram em rostos artísticos nas mãos de Vasco Mourão. Chama-se Face Plastic (Encara o plástico, em tradução livre para português) e é o novo projecto do artista que pretende consciencializar as pessoas sobre a problemática do plástico através de esculturas. Vasco diz ter uma regra: "Se encontro uma coisa que me chateie mais de três vezes, tenho de fazer alguma coisa com ela." Foi o que aconteceu na viagem de três meses à vila da Madalena, na ilha do Pico, nos Açores, no Verão de 2018. “Sabes”, explica o ilustrador de 39 anos, “quando tens uma natureza tão incrível [como a ilha do Pico], ver um saco de plástico agarrado a uma rocha custa mais do que vê-lo nas ruas”.

Depois de vários passeios na costa açoriana a apreciar a "beleza do cenário" diminuída pela poluição, decidiu apanhar o lixo que ia encontrando. O resultado foi "assustador": dois sacos em apenas dez minutos. Foi então que Vasco decidiu ter "uma atitude criativa em relação a isto". A ideia era “criar uma escultura esteticamente agradável e eficiente” para que as pessoas pudessem olhar e pensar “isto existe mesmo”.

As tampas das garrafas transformaram-se em olhos, as borrachas em narizes, as palhinhas em bocas e as solas de sapatos em caras. Mas "cada cara é uma combinação possível entre milhares", realça. No total, fez 50 rostos com todos os resíduos encontrados. “O cérebro humano vê caras em todo o lado. E estas têm personalidade. Estão tristes, chateadas ou divertidas”.

Face Plastic é um projecto "bastante diferente" de tudo o que Vasco Mourão já fez. "Estou habituado a controlar tudo o que faço com a caneta, a linha, a matemática... Ali encontrava coisas aleatórias e criava coisas ainda mais aleatórias." O que ao início não passava de "uma diversão" tornou-se num projecto "super interessante" que já esteve em exposição no Terminal Marítimo da Madalena, nos Açores, na Escola Internacional do Porto (CLIP) e no Espacio 88, em Barcelona. 

Com o preço médio de 70 euros, as esculturas podem ser encontradas no site do projecto e são vendidas para todo o mundo. Metade dos lucros das vendas serão doados à The Ocean Cleanup. Para Vasco, esta doação “é o um ‘grãozinho de areia’ para fazer um pouco mais do que só dizer que o plástico é uma porcaria e que não o devemos usar”. 

VASCO MOURÃO
VASCO MOURÃO
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