Laura, Mary, Sara, cada modelo feminino tem o nome de uma mulher. O mesmo acontece com os masculinos, Mike, Peter. As calças são de ganga, com diferentes lavagens e também feitas de tecidos com mais ou menos elasticidade. A marca é portuguesa e foi apresentada à imprensa na manhã desta sexta-feira. Chama-se Just O, a pensar num público que procura o luxo no denim, define Pedro Tavares, administrador da Just Fashion, a empresa de distribuição de marcas internacionais de luxo, que cria assim a sua própria marca, a pensar não só no mercado nacional como na exportação.
Este era um sonho com alguns anos, conta Paulo Santos que não se apresenta como designer, mas como product manager. No entanto, é ele quem desenha, faz a produção e o desenvolvimento dos acessórios. “Usamos gangas italianas da Candiani, que são feitas de forma sustentável e têm certificação Better Cotton Initiative (BCI) que quer dizer que pelo menos 50% do algodão é de origem ecológica; o couro é oriundo da cadeia alimentar e com acabamentos vegetais; e todos os acessórios [como os fechos] são do grupo YKK, um fornecedor mundial com preocupações ambientais”, resume.
Apesar de os fornecedores serem internacionais, a produção é nacional, feita no Vale do Ave. “Não há exploração do trabalho infantil, as pessoas têm condições de trabalho justas”, salvaguarda Pedro Tavares. “Queremos dar valor às pessoas que estão a fazer este produto por isso [as etiquetas dizem] people matters”, acrescenta Paulo Santos, justificando assim por que razão os modelos das calças têm nomes de pessoas. “A maioria são homenagens a quem trabalhou connosco”, justifica.
Há ainda uma outra preocupação com a igualdade de género, daí ter sido colocado um pequeno símbolo de igual (=), a vermelho, num dos bolsos das calças. “É uma marca de pessoas para pessoas”, sintetiza Pedro Tavares, explicando de seguida como surgiu o nome da marca Just O, uma homenagem à casa de origem, a Just Fashion, e à sua empresa Officina M.
Modelos que acompanham a história
A colecção de homem tem o mesmo nome que a marca e a de mulher chama-se My Fair by Just O. Os clientes são de classe média alta e alta, pois era esta a lacuna que existia no mercado, refere Pedro Tavares. “Havia espaço no premium denim”, diz, referindo que existem outras marcas portuguesas mas que estão viradas para o mercado de massas. As calças para mulher custam 150 euros e as masculinas variam entre os 180 e os 200 euros. “Com a mesma matéria-prima, outras marcas fazem calças que custam entre 300 e 400 euros. Nesta fase inicial esmagamos a margem [de lucro] ao máximo para que seja competitivo”, acrescenta o responsável.
Os modelos acompanham a história do denim, aponta Paulo Santos, começa nos anos 1960 com o modelo boyfriend, passa pelas décadas seguintes numa homenagem a Woodstock ou ao disco e termina com modelos mais actuais. Depois das calças virão outras peças como malhas, casacos, camisas, assim como malas e acessórios, “sempre feito em Portugal e com preocupações ambientais”.
A partir de meados deste ano, a marca começará a exportar para Espanha, França, Alemanha, Itália e Bélgica, anuncia Pedro Tavares, que tem uma grande experiência na área da distribuição. “Gosto de ser ambicioso, mas com os pés no chão. Queremos ser uma empresa em todas as áreas: [distribuição de] marcas, retalho inclusive outlet, estamos a desenvolver loja online, e temos esta marca própria para exportação”, resume.
O grupo Just Fashion, criado em 2004, distribui marcas premium de roupa e acessórios como Elisabetta Franchi, Liu.Jo, Iceplay, Daniele Alessandrini (homem) ou Monnalisa (criança), entre outras. O grupo tem ainda seis lojas no Porto.
Quanto ao investimento feito para lançar a Just O, Pedro Tavares prefere não divulgar – “são alguns milhares de euros”, responde –, mas lembra que há uma parte que não é contabilizada, por exemplo, os fins-de-semana em que se juntava a Paulo Santos para trabalharem neste projecto.