A legalização da posse de arma no Brasil terá como única e óbvia consequência a morte de inocentes. É uma questão de tempo.
Já assistimos ao mesmo nos Estados Unidos, a terra da liberdade, a liberdade de matar, por autodefesa mas também por auto-recreação.
Será o armamento da população a resposta para a insegurança? Num mundo onde todos tenham acesso a casa, emprego, saúde e educação não são precisas armas, apenas palavras, não são precisas balas, bastam-nos as leis e um sistema judicial verdadeiramente cego, igualitário, imparcial.
Assistimos ao crescer do populismo no qual o estrangeiro, o diferente, o negro, o não-branco, o homossexual, o não-crente são todos ameaças ao bem-estar e a posse de arma é a melhor maneira de mostrar quem manda agora no Brasil, de quem manda agora no mundo.
Os produtores de armas agradecem a injecção do medo e eu pergunto-me que países se seguirão quando o maior país da América do Sul aprovar a venda de semi-automáticas e lança-rockets ao vizinho do lado, para já não falar do quintal minado onde a avó perdeu a perna só porque lhe apeteceu andar fora do passeio.
É surreal, no mínimo bizarro, entrar em 2019 com o fantasma do recrudescimento do armamento, da violência, da insegurança com o único fito de criar uma sociedade onde todos se vigiam uns aos outros, onde todos se matam uns aos outros ao menor sinal de desacordo, porque se fez uma ultrapassagem na estrada, não se cumpriu um prazo de trabalho ou o empregado se enganou no troco no restaurante.
Subitamente, o mundo anda para trás e esquece o aprendido em nome do sofrimento dos inocentes e o enriquecimento alheio. Semeando a discórdia, uma nova classe dirigente toma agora as rédeas, prometendo tudo menos o bem comum. 2019 prepara-se para acordar como uma criança egoísta e nada de bom promete ao mundo.