A demagogia triunfou nas 2161 propostas de alteração ao OE

A corrida dos deputados para ver quem mais iniciativas legislativas apresenta é uma cedência à política-espectáculo e uma abdicação dos seus deveres de responsabilidade.

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1. Os partidos com assento parlamentar decidiram entrar na discussão do Orçamento do Estado na especialidade com o mesmo ímpeto e a mesma desfaçatez com que a cavalaria irrompe sobre as forças inimigas. Vai daí, apresentaram não 100, não mil, não duas mil, mas exactamente 2161 propostas de alteração à proposta de lei do Governo. No ano passado, a exuberância legiferante dos partidos tinha já atingido as raias do ridículo: os partidos apresentaram 1938 propostas de alteração. Este ano, superaram o número redondo dos dois milhares e neste devaneio houve um campeão: o Chega, com 638 iniciativas. Nada a estranhar: o partido que dispara sobre tudo o que mexe para ocupar o máximo espaço possível nas televisões ou nas redes, não ia perder a oportunidade de se revelar como um agente empenhado em pôr o país “na ordem”.

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