José Abraão: BE e PCP actuam como "virgens arrependidas"

“O Governo, no que concerne ao Orçamento, quis privilegiar os partidos em detrimento dos sindicatos, desrespeitando a democracia representativa", defendeu hoje o dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP)

Foto
Enric Vives-Rubio

O dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) José Abraão disse hoje, antes da reunião com o Governo, que o executivo está a desvalorizar a negociação e que BE e PCP actuam como "virgens arrependidas".

"É uma proposta que a FESAP adiantou na última reunião do seu secretariado nacional, deixando claro que o Governo deveria apontar para não aplicar o salário mínimo ao salário mais baixo da administração pública. O Governo, no que concerne ao Orçamento, quis privilegiar os partidos em detrimento dos sindicatos, desrespeitando a democracia representativa", disse José Abraão aos jornalistas, antes da reunião no Ministério das Finanças, em Lisboa.

Em causa está uma proposta de aumento no nível mais baixo de remuneração da administração pública de 580 euros para 635 euros, segundo um comunicado do Ministério das Finanças hoje divulgado.

José Abraão acrescentou que a FESAP está "espantada", porque "os partidos que apoiam o Governo, nomeadamente o Bloco e o PCP, agem como virgens arrependidas e vêm exigir que sejam apresentadas propostas de aumentos salariais quando, efectivamente, tiveram oportunidade de fazê-lo no parlamento".

Para a FESAP, os partidos em causa "são tão responsáveis" quanto o Governo pelos "insuficientes aumentos" na administração pública.

"A nossa expectativa é que o Governo responda às propostas apresentadas pela FESAP e corrija a tabela regulatória única, introduzindo aumentos salariais para todos os trabalhadores", indicou.

Também hoje, na reunião da Concertação Social, o Governo propôs que o valor do salário mínimo nacional seja fixado nos 600 euros a partir de 1 de Janeiro de 2019. O salário mínimo nacional é actualmente de 580 euros.

As confederações patronais admitiram um acordo na Concertação Social para aumentar o salário mínimo nacional, desde que seja para 600 euros em 2019, mas as centrais sindicais recusaram, exigindo um montante superior.