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Gronelândia, uma ilha de gelo (in)finito
A Stefan Forster deixa-o triste o quão perto a beleza e a decadência podem estar num só icebergue. Na primeira viagem que fez à Gronelândia, o fotógrafo suíço ficou “fascinado pelo poder incrível da natureza que podia ser sentido em todo o lado”. Admirou-se (ainda se admira) com a forma “mágica” como a luz é reflectida e diz que “não há nada mais belo que um icebergue” porque “todos eles são únicos”.
Passaram-se oito anos desde essa primeira viagem. E Forster, agora com 32 anos e fundador de uma pequena agência de viagens e fotografia, continuou a visitar a Gronelândia desde aí. Mas o sentimento mudou: parece-lhe agora que a quantidade interminável de gelo pode, talvez, ter um fim. “Os glaciares que visito todos os anos estão a recuar não metros, mas quilómetros”, alerta, na descrição do vídeo que reúne paisagens (mais ou menos) geladas em vários pontos da ilha e que foi destacado como Staff Pick pelo Vimeo. Não é o único a ter esta opinião. Um estudo divulgado em Março de 2017, da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, anunciou o que já se desconfiava: alguns dos glaciares da costa da Gronelândia estarão perdidos para sempre, com o degelo na ilha a passar um ponto sem retorno há já 20 anos.
A parte mais difícil das gravações — além de chegar no momento certo para os close ups dos glaciares gigantes — foi manter o drone a voar na direcção correcta, em pleno Pólo Norte. Além de captar imagens, o aparelho servia também para que o fotógrafo conseguisse ver se existiam ou não ursos polares na costa. “A melhor coisa para ursos e humanos é não se encontrarem em terra”, brinca. “Hoje, lugares intocados e silenciosos estão a tornar-se mais e mais raros.”