Fotografia
Thomas Guignard criou o álbum das mais belas bibliotecas do mundo
"Muitas bibliotecas foram construídas com o intuito de causar deslumbramento, inspiração; quando eu as fotografo, apenas replico a experiência de uma visita, mas com a particularidade de fazer jus ao trabalho do arquitecto." É assim que Thomas Guignard, fotógrafo e bibliotecário de Toronto, no Canadá, descreve o seu trabalho, em entrevista por email ao P3. "Gosto de enquadrar os edifícios de forma a reforçar a sua monumentalidade", explica. "Para isso utilizo objectivas de grande angular, procuro simetria e padrões."
As bibliotecas sempre fizeram parte da vida de Guignard, mas foi entre 2008 e 2009 que começou a interessar-se por elas enquanto estruturas. "Nessa altura, encontrava-me a trabalhar num projecto de fusão de várias bibliotecas de um campus universitário num só edifício", contextualizou. "Tive, então, oportunidade de desenhar a estrutura interna de uma grande biblioteca, tendo em conta as necessidades dos alunos e investigadores — e para fazê-lo tive de procurar inspiração noutras que tivessem aberto recentemente." De câmara fotográfica em riste, Guignard começou a visitar bibliotecas. "Inicialmente, utilizava-a somente para documentar o que me parecia relevante, mas, com o passar do tempo, fui desenvolvendo a minha técnica fotográfica. Comecei a prestar atenção ao detalhe e acabei mesmo por apaixonar-me pela arquitectura de bibliotecas, especificamente."
A primeira vez que viajou propositadamente para fotografar uma biblioteca foi em 2011. Tem uma lista de bibliotecas que gostaria de visitar, confessou, e é essa que vai seguindo para compor o projecto Libraries, que está disponível integralmente na conta de Instagram do fotógrafo. Thomas já esteve em Portugal duas vezes, mas ainda não tinha começado a série. "Adoraria regressar", suspira. Quer fotografar a Biblioteca da Universidade de Aveiro, a Biblioteca Joanina de Coimbra, a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo e a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra. E aceita convites: "Se alguém quiser convidar-me para visitar Portugal e fotografar uma biblioteca, estou aberto a propostas."
O maior desafio deste projecto é a distância, evidencia. "Muitos dos sítios que gostaria de visitar são distantes do local onde vivo e viajar não é barato", refere, sublinhando que Libraries é um projecto inteiramente autofinanciado. "Quando mostro diferentes tipos de biblioteca, que assumem diferentes estilos arquitectónicos, estou a convidar as pessoas a viajar e a descobrir outros locais. Será isso atraente para os leitores? Não sei. Talvez. Gostaria de receber mais feedback das pessoas que conhecem este projecto."