Precariedade
A Palmilha subiu ao palco para fazer um manifesto
Madu leva uma música ensaiada, procura mostrar o timbre afinado. O casting, entra e sai de talento mais ou menos evidente, é um palco de ansiedades e medos, de oportunidade e sonhos. Vítor, o encenador, interrompe a melodia: “Já pagas IVA?”. E perante o desentendimento da actriz, troca por miúdos: “Se já atingiste os dez mil euros?”. “Eu já tenho actividade há cinco anos, mas acho que ainda não”, responde hesitante. “Eu dizia dez mil por ano, não é acumulado”, aponta o encenador. “Dez mil num ano? É possível? Uau!”. A plateia manifesta-se em gargalhada. A seriedade do assunto fica latente. Parece invenção de teatro, a ficção a dar asas ao exagero. Mas em Antes de Borla Que Mal Pago, produção da Palmilha Dentada, qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência. Mesmo quando, por vezes, pareça demasiado absurdo para ser verdade. “É tudo real”, sublinha o encenador Ricardo Alves. E tudo pode ser visto até este sábado, 17 de Novembro, no Armazém 22, em Vila Nova de Gaia.
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