De preparador físico a treinador do Celta: a aventura de Miguel Cardoso

Emblema espanhol é o décimo clube do técnico natural da Trofa. "Foi das melhores pessoas que conheci no futebol", garante ex-jogador.

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Miguel Cardoso já numa sessão de trabalho do Celta DR

“Foi das melhores pessoas que atravessaram a minha carreira, não só como profissional mas como ser humano”. As palavras pertencem a Rúben Ribeiro, antigo jogador de Miguel Cardoso no Rio Ave na época 2014-15. O ex-Sporting — que se encontra em processo de rescisão com o clube “leonino” — actualmente joga no Al Ain, clube dos Emirados Árabes Unidos, e garante ao PÚBLICO que o novo treinador do Celta de Vigo estará à altura do desafio: “Sem dúvida alguma que um clube com esta grandeza lhe assenta como uma luva. Tenho a certeza de que irá ser bem-sucedido”.

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Rúben Ribeiro relembra antigo técnico com carinho PAULO NOVAIS / LUSA

 Na conferência de apresentação, foi um Miguel Cardoso visivelmente feliz que saudou os jornalistas que encheram a sala de conferências do emblema espanhol. “Estar aqui [em Vigo] é como estar em casa. Aliás, estou apenas a uma hora de casa. Lembro-me de vir, em pequeno, comprar bacalhau, arroz, rebuçados, bombons”, relembrou o técnico, que já vestiu as cores rivais, quando foi adjunto de Domingos Paciência no Deportivo da Corunha.

O emblema da Galiza é o décimo clube num extenso currículo que conta com passagens por quatro países. Nas funções de treinador auxiliar, o trofense já representou Sp. Braga, Académica, Sporting, Deportivo da Corunha (Espanha) e Shakhtar Donetsk (Ucrânia). Como treinador principal, Miguel Cardoso já comandou Rio Ave, Nantes (França) e agora Celta (Espanha).

"Chorei [quando recebi a proposta do Belenenses]. Foi a minha primeira oportunidade no futebol profissional", revelou Miguel Cardoso, em entrevista ao semanário Expresso. Deixou a escola EB 2/3 de Ribeirão, em Vila Nova de Famalicão, onde dava aulas de educação física, e não voltou a olhar para trás.

José Mourinho como referência

Apesar de poucos imaginarem Miguel Cardoso noutras funções que não a de treinador, o trofense começou a carreira no universo futebolístico enquanto preparador físico, passando por Sporting de Espinho no início da década de 90 e, posteriormente, pelo Belenenses. Mas foi nas camadas jovens do FC Porto que o novo homem-forte do Celta de Vigo começou a fazer aquilo que lhe dá mais gosto: comandar.

O trabalho do jovem técnico foi apreciado e, ao longo de praticamente uma década, subiu na hierarquia dos “dragões” até chegar à equipa B. Foi na formação secundária dos “azuis e brancos” que Miguel Cardoso colaborou com José Mourinho, que comandava o futebol sénior dos portistas: “Para mim, [Mourinho] é uma referência. Marcou um espaço para os treinadores portugueses a nível europeu e foi um privilégio muito grande trabalhar com ele”.

Rúben Ribeiro relembra com saudade os treinos dos “vila-condenses”, garantindo que o treinador, de 46 anos, trabalha com grande rigor a solidez do sector defensivo: “Recordo-me que dava muita importância à zona defensiva. Trabalhávamos inúmeras vezes os posicionamentos e situações de bola parada. Só depois passávamos para o processo ofensivo”.

No país vizinho, não encontrará facilidades: o Celta encontra-se em 14.º lugar, somando apenas uma vitória nos últimos dez jogos oficiais. O primeiro encontro será no terreno da Real Sociedad, décima classificada, e uma vitória será importantíssima para o técnico português entrar com o pé direito nesta nova aventura internacional.

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Clube espanhol está em série negativa ALEJANDRO GARCIA / LUSA
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