Dragagens na lagoa de Óbidos avançam em 2019
Está prevista a extracção de 850 mil metros cúbicos de areias que serão depositadas no mar para reforçar as praias entre a Foz do Arelho e Peniche.
A segunda fase das dragagens da lagoa de Óbidos deverão ter início no primeiro semestre de 2019, de acordo com a APA (Agência Portuguesa do Ambiente), que conta lançar o concurso público para essas obras até ao final deste ano.
A empreitada tem um custo estimado de 16,8 milhões de euros e deverá ser executada durante 18 meses.
A primeira fase das dragagens decorreu em 2015 e 2016 tendo sido extraídos 716 mil metros cúbicos de areia para aprofundar dois canais na parte da lagoa que fica mais próxima do mar. A segunda fase vai incidir na parte interior, nos braços da Barrosa e do Bom Sucesso, zonas onde a lagoa tem muito pouca profundidade devido ao assoreamento.
A APA prevê que sejam extraídos 850 mil metros cúbicos de sedimentos, os quais deverão ser bombeados através de tubagens flutuantes para o mar. O lugar de deposição será a sul da “aberta” (canal de comunicação entre a lagoa e o mar) perto do Gronho, a 100 metros da linha de preia-mar. Segundo aquela agência, a repulsão das areias dragadas naquele local irá “robustecer o cordão arenoso litoral que protege a lagoa da agitação marítima”. Como as correntes predominantes são no sentido Norte-Sul, as praias entre a Foz do Arelho e Peniche passarão, assim, a ter mais areia.
Apesar de, durante dois verões os banhistas das praias da Foz do Arelho (Caldas da Rainha) e Bom Sucesso (Óbidos) terem de coexistir com as tubagens flutuantes que atravessarão a lagoa de uma ponta à outra, a APA considera que esta solução é mais amiga do ambiente pois a alternativa seria a realização de milhares de viagens em camião para transportar os sedimentos dragados para um depósito provisório e depois para outro definitivo.
Com o aprofundamento dos canais de ligação ao braços da Barrosa e do Bom Sucesso, prevê-se um aumento da quantidade e da qualidade da água da lagoa, bem como um aumento da sua própria superfície. O projecto prevê ainda a requalificação ambiental e paisagística de uma área ocupada por depósitos de antigas dragagens.
A APA diz que está prevista “a monitorização ambiental da qualidade da água, sedimentos, ecologia, fauna e flora (antes, durante e após as dragagens) e o acompanhamento arqueológico da zona abrangida”. Já o estudo comparativo do comportamento hidrodinâmico da lagoa, antes, durante e após a realização das dragagens, será efectuado pelo LNEC.
A lagoa de Óbidos é o maior sistema lagunar costeiro da costa portuguesa e é periodicamente alvo de dragagens para evitar o seu assoreamento e garantir a continuidade de algumas espécies, sobretudo bivaldes. As últimas dragagens foram feitas em 2015 e 2016, havendo na altura a promessa de que a segunda fase seguiria quase de imediato para consolidar aquelas obras, o que não veio a acontecer. Entre os mariscadores da Foz do Arelho é voz corrente que a primeira fase das dragagens acabou por ter impacto reduzido ou nulo porque o importante era ter começado por dragar a montante e não a jusante.