Nova Alameda do Beato vai ter menos carros e mais árvores

Nova praça vai servir novos moradores do condomínio que nascerá no Convento do Beato e as empresas que se instalarão no Hub Criativo. Abrange uma área de 6000 metros quadrados e será um espaço essencialmente pedonal.

Fotogaleria
Assim ficará a Alameda do beato, após a requalificação dr
Fotogaleria
Assim ficará a Alameda do beato, após a requalificação dr

Vêm aí tempos de mudança para o Beato. A par do arranque da requalificação da antiga ala Sul da Manutenção Militar, que dará origem a um dos maiores hub criativos da Europa, e da construção de um novo condomínio na zona do Convento do Beato, esta freguesia vai ganhar uma nova praça. É o primeiro lançamento de uma empreitada do programa “Uma praça em cada bairro” deste mandato, precisamente numa das zonas da cidade para onde se adivinham profundas mudanças nos próximos anos. 

Numa área com cerca de 6000 metros quadrados, delimitada entre a Rua, o Largo e a Travessa da Alameda do Beato, a intervenção — a cargo do atelier Orgânica Arquitectura — abrange uma área “muito degradada”, explica ao PÚBLICO o arquitecto responsável pelo projecto, Paulo Serôdio.

Ao longo do século XX, as garagens e oficinas foram tomando conta dos pisos térreos da Alameda do Beato. O espaço público foi-se desorganizando. Hoje, o local está diariamente ocupado por um “mar de carros”, um “estacionamento completamente desorganizado e desregulado”, diz o arquitecto.

O que Paulo Serôdio e a equipa quiseram fazer foi repensar aquele espaço, resgatar uma ideia antiga para tentar preservar as memórias do passado fabril e a ligação com o rio, e devolver uma alameda ladeada por árvores. 

No final dessa alameda, ergue-se a Igreja do Convento, que ganhará também um adro pavimentado com pedra lioz e gabro (semelhante ao basalto), pretendendo assim manter alguma unidade na zona ribeirinha, dado que este material foi também usado nas obras projectadas pelo arquitecto Carrilho da Graça no Campo das Cebolas e no novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa. 

A partir dali, formam-se duas linhas de árvores, definindo a tal alameda. Como tal, a circulação automóvel será condicionada e o estacionamento será ordenado. “Queremos criar um ambiente calmo, onde a comunidade se encontre, onde as árvores filtrem o sol às esplanadas, onde andar a pé ou de bicicleta vai ser a nova regra", dizem os arquitectos responsáveis. 

O projecto, que foi esta quinta-feira apresentado no Hub Criativo do Beato, transformará aquele espaço numa zona essencialmente pedonal. A proposta prevê a eliminação de um dos acessos viários a partir da Rua do Beato, mantendo-se apenas o acesso à Travessa da Alameda do Beato, junto ao edifício da Fábrica da Nacional, o que expande o espaço pedonal entre a Rua do Beato e a Travessa da Alameda do Beato. O acesso à Alameda estará, portanto, apenas aberto a moradores e comerciantes.

Foto
Fotomontagem do projecto. O piso será de gabro, um material semelhante ao basalto DR

Será criado um passeio largo, aberto à instalação de lojas nos pisos térreos e, a Sul, um largo que poderá acolher diversas actividades. Segundo explicou Paulo Serôdio, a dimensão da praça não permite, por exemplo, que ali se instale um parque infantil, que tinha sido, aliás, um dos equipamentos pedidos pelos moradores à autarquia.

As obras deverão arrancar em Junho de 2019 e implicarão um investimento entre os 700 e os 800 mil euros. O arquitecto prevê que a obra dure, no máximo, seis meses. A cumprirem-se os prazos, o Beato ganhará uma nova praça no final do ano de 2019, inícios de 2020, ao mesmo tempo que o Hub Criativo vai ganhar mais um inquilino: Browers Beato, a cervejeira que será também um espaço de restauração e sala de espectáculos.

A nova praça servirá também o novo condomínio que nascerá em torno do Convento do Beato. As obras da praça coincidirão com o arranque da empreitada do convento, por isso, os trabalhos nas infra-estruturas terão de ser coordenados. 

O programa “Uma Praça em cada Bairro” foi criado pela autarquia, sendo um dos Eixos do Programa para o Governo da Cidade 2013/2017, que pretende a requalificação de 30 praças da capital. Foi neste âmbito que foram feitas as obras no Eixo Central, nas avenidas Fontes Pereira de Melo e da República e no Saldanha, por exemplo. Também os largos da Graça, de Santos e do Calvário mudaram de cara, nos últimos anos, no âmbito deste programa.  

Sugerir correcção
Ler 3 comentários