Designers portugueses apostam na internacionalização das suas marcas

No segundo dia do Portugal Fashion há criadores que brilham fora de Portugal. Todos garantem que a internacionalização é a aposta.

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Sexta-feira abriu com Cristina Ferreira pela primeira vez na passerelle do Portugal Fashion com a marca CF Cristina Ugo Camera
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Sara Maia inspirou-se na roupa masculina para construir a sua colecção Ugo Camera
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Nycole apresentou uma colecção unissexo Ugo Camera
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Maria Gambina regressou ao Portugal Fashion após cinco anos Ugo Camera
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O designer Estelita Mendonça apresentou a colecção "Restricted" Ugo Camera
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Carlos Gil festeja 20 anos de carreira Ugo Camera
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Hugo Costa regressou com a colecção que já tinha apresentado em Paris Ugo Camera
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Micaela Oliveira com uma colecção festiva Ugo Camera
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Sophia Kah marcou presença pela primeira vez no Portugal Fashion Ugo Camera
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Diogo Miranda inspirou-se no trabalho do fotógrafo Irving Penn Ugo Camera
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Miguel Vieira fechou a noite de sexta-feira, inspirado na pop art Ugo Camera
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Se há designers que partem de Portugal para conquistar o mercado internacional, como Miguel Vieira e Diogo Miranda, também há quem crie as marcas lá fora, como é o caso da portuguesa Ana Teixeira Sousa que criou a marca Sophia Kah a partir de Londres e já veste a cantora Beyoncé e as actrizes Sarah Jessica Parker e Keira Knightley. Sexta-feira foi o segundo dia de Portugal Fashion, no Porto.

Até há poucos meses, Sophia Kah podia ser um nome quase desconhecido nas passerelles portuguesas, mas não era de cantoras e artistas estrangeiras como Beyoncé, Nelly Furtado e Florence Welch. “Descobri através das redes sociais que a cantora Beyoncé comprou um vestido meu numa loja em Los Angeles, EUA”, conta entusiasmada Ana Teixeira Sousa, nos bastidores do Portugal Fashion. Estreou-se nesta sexta-feira, no Porto, depois de ter estado pelo Portugal Fashion em Londres, cidade onde tem showroom e criou a sua marca, ainda que a produção seja bem nacional, feita numa empresa familiar, em Felgueiras.

Ana Teixeira Sousa foi aplaudida de pé pela sua colecção inspirada em Portugal, desde o “amarelo das fachadas de Lisboa e o verde do Douro”, até às praias e aos prédios, define. Apresentou 20 coordenados femininos, muitos deles vestidos com plissados longos, muitas rendas, folhos, bordados, guipures e sedas italianas. 

A criadora lançou a primeira colecção em 2011. Desde então, não parou. Tem os EUA como principal mercado, mas quer conquistar novos países. E quer crescer no online. Por enquanto, só vende para multimarcas. “Cada estação é sempre uma luta. Tem de se estar sempre a conquistar”, diz, rodeada dos vestidos de luxo que apresentou na passerelle

O mercado português é "muito pequeno"

A conquistar, mas a partir de Portugal, estão designers como Miguel Vieira e Diogo Miranda. “A internacionalização é uma aposta desde há 20 anos. Toda a vida vendi muito em termos internacionais”, revela Miguel Vieira, que comemora este ano três décadas no mundo da moda.

“O mercado português é muito pequeno. Cada designer não pode estar só focado no seu país”, justifica, momentos antes de levar a sua colecção Primavera/Verão 2019 inspirado na Pop Art à passerelle. Miguel Vieira fugiu ao seu registo de preto e branco a que acostumou o público. “Quis fazer um bocadinho de revolução nesta colecção com muita cor – vermelho, azul e verde – e muitos estampados, que é algo que não costumo usar”, continua, enquanto explica que só lhe falta mesmo começar o negócio na área da cosmética.

Também Diogo Miranda, com atelier em Felgueiras, vê no mercado internacional uma grande aposta desde 2014, altura em que também lançou a loja online. É no Médio Oriente que a marca mais vende, em países como o Dubai, por exemplo. “As nossas peças, a nível de volumes e de formas, acaba por ir ao encontro desse mercado do Médio Oriente. Houve um aumento de vendas”, conta.

“O mercado internacional compra sempre as colecções. O mercado nacional é muito o cliente de atelier”, continua, enquanto acerta os últimos pormenores antes do desfile da colecção que levou à 43.ª edição do Portugal Fashion. Desta vez inspirou-se no trabalho do fotógrafo Irving Penn para apresentar os 30 coordenados femininos. “Trabalhei volumes sem esquecer a elegância da mulher. Todas as saias têm algum corte para se ver a perna e as cinturas são marcadas”, descreve.  

Igualmente os criadores Hugo Costa e Carlos Gil apostam na internacionalização, mas no mercado asiático. “Os nossos mercados primordiais são os asiáticos. Temos clientes no Japão e em Hong-Kong”, conta Hugo Costa. “Não há mercado em Portugal para o conceito da marca Hugo Costa, onde o poder de compra é reduzido. Se ficarmos focados no mercado nacional, podemos ter vida curta”, justifica o designer que apresentou a colecção que já levara a Paris, mas com algumas novidades, numa proposta cujos coordenados são unissexo. “Não pensamos em género quando criamos”, justifica. 

Também Carlos Gil, que celebrou nesta sexta-feira 20 anos no mundo da moda, aposta em Tóquio e em Xangai. Com loja no Fundão, admite que “é preciso trabalhar muito e ter muita coragem para ser designer”. Nesta sexta-feira levou à passerelle 45 coordenados para mulheres alegres, elegantes e sofisticadas. “É a união entre a pintura e a explosão da cor, da alegria”, descreve. 

David Catalán e Inês Torcato, que já passaram pela plataforma Bloom, de incentivo aos jovens criadores, também querem apostar no mercado asiático. David Catalán, por exemplo, já tem peças à venda no Japão, assim como em Los Angeles e em Paris. Levou ontem ao Portugal Fashion a sua imagem de marca: “um homem desportivo, colorido, atrevido e com peças com detalhes, mas nada espalhafatoso”, descreve depois do desfile. “Inspirei-me num filme de Elvis Presley que estava a ver com o meu namorado”, recorda.

Por seu lado, Inês Torcato também quer apostar no mercado asiático, mas por enquanto vai dando cartas em Paris. “Estou a investir em feiras e showroom em Paris, com o apoio do Portugal Fashion, onde vão clientes do mundo inteiro”, conta no final do desfile. “A internacionalização é uma necessidade para quem faz coisas menos comerciais como eu”, justifica. “Existe pouco público em Portugal que veste roupa mais alternativa”, continua. Inês Torcato, filha do designer Júlio Torcato, com quem divide espaço no Porto, fez desfilar 29 coordenados feitos em alfaiate, da colecção "Alma" com muitas das peças como se fossem uma segunda pele do corpo humano. Quis transmitir a imperfeição e perfeição da pele, e que o corpo é assimétrico, explica.

Neste sábado é a vez do pai de Inês apresentar as suas peças juntamente com outros criadores como Luís Buchinho e Luís Onofre. 

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