Benfica reduziu a metade do campo a ambição do Sertanense
“Encarnados” ultrapassaram com tranquilidade a terceira eliminatória da Taça de Portugal. Jonas voltou aos golos, mas o momento da noite pertenceu a Gedson.
Nem o Sertanense se agigantou o suficiente, aproveitando o trampolim mediático da Taça de Portugal, nem o Benfica, em versão “revista”, baixou assim tanto os níveis de qualidade. Tudo conjugado, a lei do mais forte acabou por imperar no Estádio Cidade de Coimbra e os “encarnados”, graças a um triunfo por 0-3, conseguiram qualificar-se sem dificuldades para a quarta eliminatória da prova.
A questão que se colocou foi sempre quando, quando é que seria quebrada a resistência do Sertanense, quando é que o Benfica conseguiria traduzir em golos a sua superioridade, quando é que a qualidade individual se sobreporia à organização solidária. A resposta parecia ter sido encontrada logo aos 4’, quando Jonas introduziu a bola na baliza, mas o lance acabou (correctamente) anulado por fora-de-jogo do brasileiro.
Ia ser preciso esperar mais. Com Corchia em estreia no flanco direito da defesa, Yuri Ribeiro do lado contrário e Alfa Semedo como central; com Samaris a formar com Gedson e Gabriel o trio do meio-campo; e com Rafa e Zivkovic nas alas, no apoio a Jonas, o Benfica não precisou de acelerar muito (nem sequer de grande clarividência) para criar oportunidades. Depois de 15 minutos de alguma apatia, aos 24’ Rafa rompeu na área e falhou por centímetros o cruzamento, aos 29’ o extremo rematou por cima, aos 32’ Zivkovic disparou cruzado e ao lado, aos 33’ Jonas atirou à figura.
O volume ofensivo crescia a olhos vistos e o golo chegou, num lance idêntico ao que aconteceu aos 4’. Desta vez, Gedson desmarcou Yuri Ribeiro, o lateral assistiu Zivkovic, que rematou para defesa incompleta de Rafa Santos. Aproveitou o outro Rafa em campo para emendar para a baliza (35’).
Mesmo em desvantagem, o Sertanense, em 4x1x4x1 e habituado aos níveis de exigência do Campeonato de Portugal, não manifestava grande vontade de correr riscos, até porque tinha francas dificuldades de ligação e frequentemente cedia à pressão mais alta do adversário.
Já com o argentino Ferreyra em campo para atacar o segundo tempo, o Benfica transformou o 4x3x3 num 4x4x2 e não tardou a ampliar a vantagem. Gedson arriscou um remate de fora da área e assinou o momento da noite, dando maior expressão a um domínio acentuado por uma subida (ainda mais expressiva) do bloco “encarnado”.
João Manuel Pinto ainda refrescou uma das alas, mas a incapacidade de a equipa se libertar do colete de forças imposto pelas “águias”, ainda no meio-campo defensivo, comprometia qualquer hipótese de reacção (a excepção foi um remate de Hugo Barbosa aos 60’, para uma defesa vistosa de Svilar). Aproveitou o Benfica para apertar o sufoco e, num bom lance individual de Yuri Ribeiro, chegar ao 0-3, graças a uma finalização cirúrgica de Jonas (68’).
O desfecho da eliminatória estava sentenciado. Já não havia razões para negar a estreia na equipa principal a Jota, mais um dos produtos da academia do Seixal a dar o passo rumo à maioridade. Nessa altura, já João Félix estava em campo e, apesar das diagonais interiores de Zivkovic (claramente um dos melhores na tomada de decisão), a tendência foi quase sempre construir por fora, sem grandes resultados. Uma frustração adicional para Ferreyra, que praticamente na única vez em que tocou na bola em zona de finalização fez golo, para instantes depois ver o árbitro invalidar o lance por posição irregular.
O avançado argentino vai ter de esperar por outra oportunidade para provar o que vale. A próxima — que a avaliar pelas escolhas recentes de Rui Vitória dificilmente lhe sorrirá — está agendada para a próxima terça-feira, diante do Ajax, em Amesterdão. É lá que o Benfica vai jogar provavelmente a cartada mais importante da fase de grupos da Liga dos Campeões. Resta saber com que trunfos.