"Drug checking" nas festas para as novas substâncias psicoactivas?
Recomendação está contida num relatório que dá conta da estabilização do consumo das novas substâncias psicoactivas mas também do pouco que se sabe sobre elas.
O consumo de novas substâncias psicoactivas em Portugal tem um carácter “aparentemente residual, experimental e volátil” e não se espera “um particular incremente do consumo deste tipo de substâncias”, segundo um relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) divulgado esta sexta-feira. Ainda assim, sobram preocupações que levam os técnicos do SICAD a aconselhar a criação de serviços de “drug checking” em contextos festivos.
“Os sujeitos que submetem a análise as substâncias que ponderam consumir tendem a não utilizá-las quando o teste indica tratar-se de outra substância que não a pretendida”, defende o relatório.
Os técnicos do SICAD reivindicam ainda um maior investimento “no despiste toxicológico" nas urgências hospitalares. Objectivo: “O incremento da investigação e desenvolvimento de análises rápidas de despiste é essencial para a criação de intervenções mais específicas em função das substâncias consumidas, assim como de terapêuticas ajustadas, que possam ir além da simples atenuação de sintomas agudos”.
O pouco que se sabe em Portugal sobre os utilizadores das novas substâncias nas práticas de chemsex (práticas sexuais potenciadas pelo consumo de drogas, nomeadamente em festas) leva os autores do estudo a apontar a necessidade de estudar esta realidade no contexto português. Ao mesmo tempo, há que produzir “informação online em português dirigida aos diferentes grupos da população”.
O termo novas substâncias psicoactivas (NSP) entrou na linguagem corrente no final de 2012 para designar o conjunto de novas substâncias psicoactivas que eram, à data, livremente vendidas nas lojas especializadas conhecidas como smartshops. A primeira destas lojas abriu em Portugal em 2007 e, seis anos depois, existiam pelo menos 63. A sua visibilidade e o facto de as drogas serem anunciadas como legais criou um “clima mediático de alarme social”. A consequente criação - em 2013 - de um regime jurídico que estabelecia contra-ordenações levou ao encerramento das smartshops e, consequentemente, à diminuição do consumo declarado de tais substâncias. Este é “predominantemente reportado como ocasional”, com variações em função das férias escolares e ocorrência de festas.