Nikki Haley deixa a ONU mas garante que vai apoiar Trump em 2020

Embaixadora norte-americana nas Nações Unidas vai abandonar o cargo no final do ano. As razões não foram anunciadas, mas é conhecida a vontade de Haley de voltar à política activa.

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Reuters/Mike Segar

Apenas três dias depois de o presidente Donald Trump ter alcançado uma das suas maiores vitórias políticas com a confirmação de Brett Kavanaugh como juiz do Supremo Tribunal, a Casa Branca voltou a viver momentos conturbados esta terça-feira, com um anúncio inesperado que deixa mais perguntas do que respostas: a embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, foi de Nova Iorque até Washington para dizer ao Presidente que vai abandonar o cargo no final do ano.

A notícia foi avançada em primeira mão pelo site Axios poucos minutos antes de Haley e Trump terem aparecido lado a lado, na Sala Oval, para uma conferência de imprensa improvisada. E nem só os jornalistas foram apanhados de surpresa.

Segundo a CNN, os principais responsáveis da equipa de política externa da Casa Branca, como o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, também foram surpreendidos – isto, apesar de o presidente Trump ter dito, na conferência de imprensa, que Haley o tinha informado do seu desejo de sair do cargo “há mais ou menos seis meses”.

Até Janeiro do ano passado, ninguém imaginava que Haley e Trump pudessem fazer parte de uma mesma equipa, mas as divergências entre ambos parecem ter sido ultrapassadas. Apesar de se destacar como a voz mais forte contra a Rússia em toda a Administração Trump, Haley tem executado a estratégia do Presidente, com destaque para as novas posições dos EUA sobre a Coreia do Norte, o Irão e Israel, e também sobre a participação do país nos acordos comerciais internacionais.

Mas durante a campanha para as eleições presidenciais nos EUA, em 2015 e 2016, a então governadora da Carolina do Sul destacou-se como uma das vozes mais críticas de Trump no Partido Republicano. E nunca declarou o seu apoio ao candidato – primeiro apoiou o senador Marco Rubio e depois o senador Ted Cruz.

Ficou conhecida uma troca de mensagens entre ambos no Twitter, em Março de 2016, quando Trump disse que a população da Carolina do Sul tinha vergonha de Haley. “Bless your heart”, respondeu Haley – uma expressão que no Sul dos EUA é usada para substituir uma resposta muito mais dura.

Por isso, o tom elogioso da conferência de imprensa desta terça-feira indica, pelo menos, que a responsável não tem ambições políticas a curto prazo que possam colidir com as do Presidente.

“A escolha é sua”

Por outras palavras, o conhecido desejo de Haley de se candidatar à Casa Branca deverá ser adiado para 2024, já que a responsável garantiu esta terça-feira que em 2020 fará campanha por Trump.

“Estamos todos felizes por si, de uma certa forma, mas lamentamos que tenhamos de a perder. Esperamos que regresse no futuro, talvez para um posto diferente. A escolha é sua”, disse Trump a Haley no momento do anúncio, na Sala Oval.

Haley retribuiu os elogios a Trump e foi ainda mais longe, enaltecendo o trabalho da mulher do Presidente, Melania Trump, e do genro, Jared Kushner, a quem chamou “um génio escondido”.

Questionada sobre o que a levou a tomar a decisão, Haley deu a entender que está cansada, após seis anos como governadora da Carolina do Sul e mais dois anos como embaixadora dos EUA na ONU. Mas admitiu que não há nenhuma razão de ordem familiar a pesar na sua decisão.

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