Fotografia
Selfies e tédio: o outro lado do turismo fast-food
Nem sempre viajar até um país estrangeiro é sinónimo de deslumbramento ou inspiração. A série fotográfica Bored Tourists, do britânico Laurence Stephens, é prova disso mesmo. “O resultado de umas férias pode ser apenas tédio, desilusão, sonolência”, como se lê na sinopse do fotolivro homónimo, editado pela londrina Hoxton Mini Press.
O documentarista britânico passou três verões em Portugal e Espanha, visitando locais de grande concentração turística, para documentar o lado B do fenómeno do turismo de massas ou fast-food. Retratou viajantes cansados, aborrecidos, munidos de selfie sticks, que faziam retratos diante de restaurantes de kebab. “As pessoas agem de forma peculiar em muitas situações do dia-a-dia, sobretudo em momentos em que a vida é apenas decepcionante”, disse o fotógrafo ao The Guardian, em Julho de 2018. “Raramente um destino turístico sobrevive às elevadas expectativas geradas pelas novas tecnologias”, considera, referindo-se a uma “geração Instagram” que exige estímulo e gratificação constantes. “Por exemplo, em Barcelona nesta grande catedral — que era bonita e sossegada — confrontei-me com pessoas fixadas nos seus smartphones, entediadas de morte, incapazes de apreciar o local onde se encontravam. Em apenas meia-hora, tirei uma série de imagens de que gosto muito.”
Laurence Stephens explora aspectos da vida moderna “com um olhar satírico e antropológico” sem perder de vista as suas referências fotográficas, que remontam ao instantâneo a cores dos anos 80 do século XX.