Quer melhorar a sua memória? Só precisa de dez minutos de exercício

Bastam dez minutos de caminhada ou ioga para melhorar a memória e o humor. Este é o segredo para os cientistas da Universidade da Califórnia.

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Priscilla Du Preez/Unsplash

A nossa memória melhora se fizermos exercício físico e não é sequer preciso que seja intenso ou prolongado, bastam dez minutos, dizem investigadores da Universidade da Califórnia que estudaram a actividade do cérebro e as partes responsáveis pela criação de memórias e o ser armazenamento depois de alguns minutos de exercício físico. 

Esta conclusão pode ajudar, por exemplo, a atrasar a perda de memória entre os mais velhos ou entre as pessoas que se mexem pouco. Os investigadores estudaram a actividade cerebral e descobriram que após o exercício físico – dez minutos que podem ser despendidos a caminhar, a fazer ioga ou tai chi –, se verificou uma melhoria na performance da ligação entre as partes do cérebro responsáveis pela formação da memória e pelo seu armazenamento.

Esta experiência contou com a participação de 36 voluntários. Jovens adultos que se exercitaram durante dez minutos antes de avaliarem a sua capacidade de memória. Mais tarde, a experiência foi repetida com os mesmos voluntários mas, desta vez, sem o exercício físico.

“As tarefas de memória eram desafiantes”, classifica Michael Yassa, neurocientista da Universidade da Califórnia e co-autor deste estudo, citado pelo Guardian. Aos participantes foram-lhes mostradas imagens do dia-a-dia – desde brócolos a cestos de piquenique – e mais tarde testaram quão bem se lembravam das imagens. “Usámos, astutamente, vários itens para vermos se eles se lembravam qual era o cesto de piquenique exacto que tínhamos mostrado antes ou outro semelhante”, explica o cientista.

A mesma experiência foi repetida com 16 outros voluntários, uns que tinham feito o mesmo tipo de exercício e outros que tinham descansado. Nos que tinham feito exercício, descobriu-se uma melhoria na comunicação entre o hipocampo – a região responsável pelo armazenamento da informação – e o córtex cerebral. Foram melhores a separar ou a distinguir entre as diferentes memórias, relatam os cientistas.

Michelle Voss, neurocientista da Universidade de Iowa, EUA, descreveu as conclusões como “intrigantes”. “As regiões do cérebro envolvidas neste estudo são também as regiões que nós achamos ter um papel importante na deterioração da memória com a idade”, justifica. “Era incrível fazer esta experiência com pessoas mais velhas”, confessa.

E é esse o propósito de Michael Yassa: “O nosso principal objectivo é ajudar a desenvolver a prescrição de exercício físico para pessoas mais velhas, com deficiência ou problemas de mobilidade e atrasar o declínio cognitivo.” E não é preciso muito: “Um passeio nocturno é o suficiente para ter benefícios”, aconselha o investigador, acrescentando que a frequência e a proporção exacta de exercício vai depender da idade, nível de mobilidade, potencial dificuldade ou deficiência ou de outros factores.

Os investigadores também se preocuparam e mantiveram registos das alterações de humor dos participantes. “Com o exercício pode obter uma melhoria no humor. A questão é saber se foi isso que influenciou o comportamento”, salvaguarda Yassa.

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