Politécnico de Bragança é dos que mais cresce e critica limitação para alunos estrangeiros
Instituição deve atingir este ano os 7000 alunos - dois mil são estrangeiros. Presidente discorda da imposição de um limite de vagas para alunos estrangeiros.
O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Orlando Rodrigues, contesta a limitação de vagas para estudantes internacionais, lamentando que seja o único regime de acesso ao Ensino Superior em Portugal em que tal ocorre. O Politécnico de Bragança foi a segunda instituição do ensino superior com maior número de entradas na primeira fase do concurso nacional de acesso.
Orlando Rodrigues atribui estes resultados à redução das vagas nas universidades de Lisboa e do Porto, que acabaram por beneficiar instituições do interior do país – e o Politécnico de Bragança revelou uma boa capacidade para atrair novos alunos. “Houve uma política de coesão nacional no ensino superior que implicou a redução de vagas em Lisboa e Porto de 5%, permitindo o aumento nas restantes instituições”, afirma o presidente do IPB.
A lei impõe que as instituições de ensino superior só possam disponibilizar 20% das vagas totais para os estudantes internacionais, descreve o presidente do IPB. Orlando Rodrigues discorda desta restrição e realça que "noutros regimes especiais de ingresso ao ensino superior acaba por não haver limitação”.
“Entendemos que, tendo - não só nós, mas o país - excelentes condições para oferecer ensino superior de qualidade a alunos internacionais, e para se posicionar como país que no contexto mundial oferece ensino superior de qualidade internacionalmente, não podemos ter essa limitação”, defendeu.
O presidente do IPB defendeu que "tem de se permitir às instituições que cresçam mais e que, segundo as suas dinâmicas adoptem, conforme entenderem melhor, as vagas para os alunos internacionais". "Devíamos levantar essa limitação para que as instituições pudessem crescer e se pudessem financiar também adequadamente pela via da captação de alunos internacionais", acrescentou.
A maior quota de alunos internacionais
O politécnico de Bragança já é a instituição de ensino superior portuguesa com maior percentagem de alunos internacionais. Para o novo ano lectivo, o IPB espera cerca de 450 novos alunos oriundos de vários países, sobretudo dos de língua oficial portuguesa. Entre os mais de 7000 estudantes, o politécnico de Bragança conta cerca de 2000 estrangeiros a frequentarem as diferentes ofertas formativas, desde os programas de mobilidade, a mestrados, licenciaturas e dupla diplomação.
A direcção do politécnico de Bragança estima conseguir colocar este ano nos diferentes concursos de acesso e no global cerca de 2800 alunos (2000 nas licenciaturas e cerca de 800 nos mestrados), o que acontecerá pela primeira vez e representará o maior número de entradas. Este número significará, segundo Orlando Rodrigues, mais 600 alunos que no anterior ano lectivo e o politécnico ultrapassará os sete mil estudantes no total das cinco escolas superiores de Bragança e Mirandela.
O presidente do IPB especificou que foram colocados nesta instituição "na primeira fase 774 alunos, mais 63 que no ano passado, o que significa um crescimento de 9%". Além do acesso geral, noutros regimes, nomeadamente quanto aos alunos internacionais, as candidaturas "cresceram 25% face ao ano passado" e o número de candidatos é "já mais do dobro das vagas disponíveis".
Nos cursos técnicos profissionais, os chamados CTeSP, a subida de candidatos foi de 32% e nos mestrados, fonte importante de atracção de alunos internacionais, registou-se um aumento de 30%. "É um panorama que nos dá satisfação", afirmou o presidente, acrescentando que "está de acordo com aquilo que são as estratégias de crescimento" do politécnico de Bragança.
O concurso nacional de acesso ao ensino superior ainda continua a ser a principal fonte de alunos, representando 55% das entradas, mas os concursos internacionais e STeSP já representam 45% do total de novos estudantes.
O politécnico de Bragança continua a ter cursos com zero candidatos no concurso nacional de acesso, o que o presidente desvalorizou.
"O que acontece sempre é que os cursos das engenharias têm maior dificuldade de colocação no concurso nacional de acesso em virtude da prova de matemática e de física que são exigências para a entrada nesses cursos, mas são depois cursos muito procurados pelos alunos internacionais, como pelos outros regimes de acesso", afirmou. O responsável deu como exemplo o curso de Agronomia que "acaba por encher sempre pelos outros regimes de acesso", garantindo que "os cursos de engenharia ficam também comas vagas praticamente preenchidas".
Os cursos mais procurados no IPB são Gestão, Desporto ou Solicitadoria. Neste ano lectivo abriu o curso de Comunicação e Jornalismo, em Mirandela, que esgotou as vagas já na primeira fase de colocações.