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A dança subaquática que move oceanos (interiores)
No início, ouvem-se só as gotas pesadas a mergulharem nas lagoas, quando não encontram mais pedra por onde escorrer. Está de noite e as luzes de São Miguel não conseguem alcançar o conjunto de corpos humanos que dança. Enrolam-se na areia, desenrolam-se uns nos outros. Apoiam-se. E, sozinhos, libertam-se, em direcção à água. Ao mesmo tempo, alguém declama um poema, que diz mais ou menos assim: lembra-te da água quando “escovares os dentes, lavares o rosto e chorares rios”.
É esta “consciência” que Violeta Lapa, criadora da Oceans And Flow, quer despertar nas “danças por terra e água” que lidera, há dois anos. A curta-metragem Ilha Dança, da autoria de Gustavo Neves, mostra alguns dos momentos da segunda viagem que organizou aos Açores, em 2017 — o filme da primeira edição, em Setembro de 2016, já foi destacado no P3. Desde que foi apresentado, o documentário “cruzou oceanos” para ser exibido em 18 festivais internacionais de cinema de ecologia, ambiente, aventura e turismo sustentável. Foi numa dessas apresentações que Violeta descobriu o novo destino para as “experiências de movimento aquático” que produz. Em Amorgos, uma ilha grega, banhada pelo mar Egeu, vai compor em Outubro um espectáculo subaquático, com um palco e música.
Quando mergulha, Violeta não "pensa em nada”. Ao emergir, voltam os sons dos pássaros, das taças tibetanas, das gotas, pesadas, a caírem nas lagoas. No fim, de volta à terra, os participantes deixam tudo exactamente como encontraram. E a água continua a correr.
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