ONG portuguesa pede apoio para acolher emigrantes portugueses

Plataforma de Apoio aos Refugiados lançou "um apelo para a mobilização da sociedade portuguesa" e sublinhou a necessidade de solidariedade "com as vítimas dessa tragédia".

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Reuters/CARLOS GARCIA RAWLINS

A necessidade de "alargar o campo de acção e colocar na agenda o apoio e acolhimento" dos portugueses radicados na Venezuela, foi nesta segunda-feira defendida em comunicado pela organização não-governamental portuguesa Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).

Numa altura em que se verifica "o agravamento da crise humanitária e de migração forçada na Venezuela", a PAR lançou "um apelo para a mobilização da sociedade portuguesa" e sublinhou a necessidade de solidariedade "com as vítimas dessa tragédia".

Nos últimos anos, a PAR, como "rede da sociedade civil portuguesa", mobilizou-se para acolher refugiados, através do programa de recolocação coordenado pela União Europeia e "é agora tempo de alargar o campo de acção e colocar na agenda a questão do apoio e acolhimento dos emigrantes portugueses regressados e dos cidadãos venezuelanos, migrantes forçados que se vêem obrigados a sair da Venezuela".

"A probabilidade de que, nas próximas semanas, a situação se agrave ainda mais e possa dar origem a uma catástrofe humanitária é alta", acrescentou a PAR, convocando a "sociedade portuguesa para que se mobilize urgentemente por esta causa".

De acordo com a Organização Internacional das Migrações, mais de 1,6 milhões pessoas saíram da Venezuela, com destino a outros países, um fluxo migratório que a PAR considerou configurar "uma crise humanitária relevante a que o mundo não pode ser indiferente".

A ONG portuguesa destaca que ainda se encontram actualmente na Venezuela mais de 50.000 emigrantes portugueses "em situação particularmente precária".

"Nos últimos meses têm chegado a Portugal, nomeadamente à Região Autónoma da Madeira, vários milhares de emigrantes, com todas as dificuldades próprias de um regresso forçado e, muitas vezes, com limitações significativas de recursos e de redes de apoio para recomeçar a sua vida, sem prejuízo do esforço que tem sido feito pelas autoridades regionais da Madeira, do Governo central e de organizações da sociedade civil como a Cáritas", frisou a PAR.

Relativamente aos cidadãos venezuelanos que buscam "protecção humanitária", a PAR defende que o Governo português desenvolva “as diligências necessárias para que esta realidade de protecção humanitária de emergência seja considerada no âmbito europeu dos processos de reinstalação, com os apoios inerentes em situações congéneres".

Nos últimos anos, a Venezuela, que tem das maiores reservas de petróleo do mundo, vive uma crise económica de grande expressão, com uma inflação perto de 1.000.000%, escassez de produtos básicos, onda de violência e surto de doenças.