Óleo de palma ilegal chega às grandes marcas, denuncia relatório

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O óleo de palma proveniente de áreas de florestas tropicais ilegais na Indonésia chegou às grandes marcas de consumo, diz um novo relatório. As companhias de óleo de palma Royal Golden Eagle (RGE), Wilmar, Musim Mas Group e Golden Agri Resources venderam óleo de 21 fábricas "contaminadas" para mais de uma dúzia de marcas globais, incluindo a Nestlé e a Unilever, segundo o relatório feito pela Eyes on the Forest (EoF), uma coligação de organizações não-governamentais de cariz ambiental, incluindo a WWF-Indonésia.

Em verificações pontuais desde 2011, o EoF usou rastreamento GPS para seguir o transporte das plantas para fábricas. Algumas das plantações, de onde os camiões saíra, situam-se no interior Parque Nacional Tesso Nilo e em áreas protegidas de Bukit Tigapuluh, na região central de Sumatra. "Todas as empresas compraram directa ou indirectamente a pelo menos uma das 21 fábricas envolvidas" na aquisição do fruto das palmeiras que depois dá origem ao óleo, segundo o relatório.

A cobertura florestal na ilha de Sumatra, na Indonésia, lar de tigres ameaçados, orangotangos e elefantes, diminuiu em mais de metade para 11 milhões de hectares em 2016 dos 25 milhões de hectares em 1985, conforme o óleo de palma e outras plantações expandiram e invadiram áreas protegidas. 

A Nestlé, numa resposta por e-mail, declarou que está "comprometida em combater" o desmatamento. Um porta-voz da empresa disse que a empresa está a trabalhar com parceiros para transformar a indústria de óleo de palma. Por seu lado, a Unilever, também numa resposta por e-mail, divulgou os fornecedores e detalhes da fábrica e declarou estar comprometida em aumentar a rastreabilidade na cadeia de fornecimento de óleo de palma.

A Unilever acrescentou ainda que está a examinar "detalhes por trás da investigação para determinar a abordagem correcta e os próximos passos".

Por seu lado, o porta-voz do Ministério do Meio Ambiente da Indonésia, Djati Witjaksono Hadi, esclareceu que há pequenos proprietários, e "não empresas", que possuem plantações no interior de parques nacionais.

Questões semelhantes foram destacadas em relatórios anteriores, incluindo em 2016, mas a falta de supervisão rigorosa pelos comerciantes levou a mais desmatamento e produção de óleo de palma ilegal, entrando em cadeias de fornecimento globais, apesar dos seus compromissos para melhorar a rastreabilidade e parar o desmatamento, disse o relatório.