Boicote do PNR a protesto anti-racista vigiado pela PSP

Vários grupos organizaram uma manifestação contra o racismo esta sexta-feira, às 18h, em sequência das agressões à jovem colombiana Nicol Quinayas. PSP diz que objectivo é evitar confrontos entre os dois grupos.

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Manifestação contra o Racismo convocada pelo Festival Feminista do Porto para combater o racismo e todas as formas de violencia, de opressao e de autoritarismo, em frente à sede dos STCP no Porto, 5 de julho de 2018 LUSA/JOSÉ COELHO

A PSP vai mobilizar um grupo de agentes fardados e à paisana para vigiar a contra-manifestação que o partido de extrema-direita PNR organizou como boicote ao protesto organizado por vários grupos anti-racistas no Largo de São Domingos, em Lisboa.

"O grande desafio é que os dois grupos não entrem em confronto", disse ao PÚBLICO Hugo Palma, porta-voz da Direcção Nacional da PSP. Pelo histórico, o PNR é um partido seguido pela PSP quando sai à rua, referiu. "Não é nada de novo, já aconteceu noutras ocasiões." 

O objectivo será "adoptar as medidas de segurança que garantam o livre direito de manifestação de ambas as partes", acrescentou Tiago Garcia, relações públicas do Comando de Lisboa.

Não especificaram quantos agentes serão mobilizados para a operação. Mas Hugo Palma explicou que as forças de segurança estão preparadas "para o cenário" e para serem adaptados os efectivos de acordo com a necessidade e evolução da situação.

Grupos como Consciência Negra, SOS Racismo, Djass — Associação de Afrodescendentes e Plataforma Gueto organizaram uma manifestação contra o racismo esta sexta-feira, às 18h, em sequência das agressões à jovem colombiana Nicol Quinayas na noite de São João por um segurança da empresa 2045, que fiscaliza os autocarros dos STCP — Sociedade de Transportes Colectivos do Porto.

Este caso, segundo os organizadores, pôs a nu "manifestações de racismo que quotidianamente afectam os negros, negras e imigrantes residentes em Portugal". O objectivo é apelar à "punição dos crimes racistas". "Ficou patente aos olhos da sociedade portuguesa que os actos de racismo não são esporádicos, eles são reiterados e transversais à sociedade e têm em alguns agentes do Estado os seus autores. Não podemos deixar que estas situações fiquem impunes e caiam no esquecimento", escrevem no evento convocado na rede social Facebook.

Em resposta a este protesto, o PNR marcou um contra-evento ao qual chamou "protesto contra o racismo anti-nacional": "Basta! Basta de vitimização, de discriminação positiva para com as minorias étnicas, de perseguição aos agentes da polícia". E concluem: "Quem está mal, mude-se. Façam boa viagem!"

Na página do evento, os grupos anti-racistas comentam a contra-manifestação: "Trata-se de um método habitual da extrema-direita portuguesa. Desta forma, recorrendo a métodos fascistas pretendem silenciar a voz de negros e imigrantes contra o racismo e a xenofobia, negando o seu direito a expressar-se social e politicamente. (...) Se dúvidas houvesse, esta manifestação demonstra a justiça da nossa palavra de ordem."

Este não é o primeiro protesto em solidariedade com Nicol Quinayas: na semana passada, um grupo de 50 pessoas reuniu-se m frente à STCP, no Porto, pedindo justiça. A jovem ainda não foi contactada por nenhuma das autoridades ou empresas, confirmou esta sexta-feira ao PÚBLICO.

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